[Crítica] Um Assunto de família

Sinopse:
Depois de uma de suas sessões de furtos, Osamu (Lily Franky) e seu filho se deparam com uma garotinha. A princípio eles relutam em abrigar a menina, mas a esposa de Osamu concorda em cuidar dela depois de saber das dificuldades que enfrenta. Embora a família seja pobre e mal ganhem dinheiro dos pequenos crimes que cometem, eles parecem viver felizes juntos até que um incidente revela segredos escondidos, testando os laços que os unem.

O que achei?
"Assunto de Família" é um filme que traz em forte escala o sentimento de empatia, a todo momento, com suas cenas simplistas, o diretor conseguiu conquistar o público e trazer para perto da narrativa; se alguém conseguir terminar esse filme e não sentir nada provavelmente morreu por dentro.

O estilo de Hirozaku Kore-eda segue características comuns do cinema japonês: câmera estática e um tempo quase contemplativo. Trilha sonora pontual, simples, sutil.
Logo no começo, já nos simpatizamos à maneira quase charmosa com que os personagens furtam produtos de um supermercado. Compreendemos a partir de seus gestos que tais ações não se dão pela maldade, desde o quanto aproveitam o momento de saborear uma comida comprada na rua até no sorriso e conversas descontraídas na mesa do jantar, e entendemos perfeitamente o que o move a se aproximar da menina que brinca em uma casa e tem pais violentos.
No decorrer da trama, nos deparamos com situações absurdas, que até poderiam soar como exageradas, mas a questão se dissolve em meio a uma história tão humana e repleta de pequenos belos momentos, que isso se torna o mais importante.
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Abraços, conversas, confidencias, a preocupação e o amor no discurso e nas ações, mostram um lado tão humano nos personagens; que o enredo acaba por ser mais que surpreendente ao se aproximar d  final. Um abraço na criança, a descoberta de cicatrizes parecidas e os assuntos que discutem o quanto uma família precisa ser “de sangue” são apenas alguns dos momentos que encantam os olhos. Ainda assim, nada é mais bonito que a cena em que a família vai à praia, e depois se torna um desenho que será a única memoria da menina.
 A demora proposital nas cenas do cotidiano de uma família pobre, nos tornar parte dela, e nos permitir compreender o que move cada um dos personagens, para somente no final tornar a situação mais complexa e tempestuosa. O que poderia parecer um final “corrido” é na verdade a tentativa de nos mostrar que as imperfeições das pessoas e da sociedade não são simplórias. Cenas como a que Nobuyo (Sakura Ando) chora diante da câmera, é proporcionalmente triste e bela, o que nos leva a pensar em tudo o que ela está pensando sem dizer uma palavra.
“Assunto de Família” discute temas humanos e preza pela empatia. É simples e profundo, acalentador e melancólico. Esperançoso e realista. Um filme que te coloca em conflitos reflexivos, não tem como sair da frente da tela sem estar com milhões de pensamentos, e inúmeras sensações.

Escrito por Stefany Gomes

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