[News] Cia do Escombro apresenta Ruído, da autora peruana Mariana de Althaus, nos canais digitais das Oficinas Culturais

 Cia do Escombro apresenta Ruído, da autora peruana Mariana de Althaus, nos canais digitais das Oficinas Culturais

 

 

A obra, inédita no Brasil, narra a história de uma família peruana dos anos 1980 que aprendeu a viver em um país autoritário, atormentado pela inflação, violência e terrorismo. Será transmitida de forma on-line e gratuita

 

Nos anos 1980, no Peru,  uma família vive sob um governo autoritário. Foto: Flaviana Benjamin

 


 

 

Em Ruído, a autora Mariana de Althaus, a partir de suas memórias, constrói um retrato de pessoas comuns que aprenderam a viver em um país autoritário, assombrado pela inflação, apagões, falta de água, escassez, violência e terrorismo. O cenário da peça é o Peru dos anos 1980 e aponta para o anseio do diretor Daniel Aureliano de trabalhar com autoras e autores latino-americanos contemporâneos ainda pouco conhecidos no Brasil. O elenco é composto por Amanda Rodovalho, Andrea Tedesco, Camilo Schaden e Priscilla Carbone. As apresentações são gratuitas, on-line e acontecem nos canais do YouTube das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo, nos dias 16, 17, 23 e 24 de abril. Sábados, 21h, e domingo, 19h.  

 

“Esse texto chegou até mim por sugestão da Priscilla Carbone, que é do elenco da companhia. Quando li a primeira vez, achei interessante reforçar que, embora sejamos países diferentes e temos a barreira da língua, há situações comuns que ocorreram na América Latina, como a Ditadura Militar e o constante fantasma desse período que está presente no nosso cotidiano”, revela Daniel Aureliano sobre a peça, que marca sua estreia como diretor.

 

Contemplado pelo ProAC n°01/2020 da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Ruído combina uma situação aparentemente prosaica a lampejos cômicos e absurdos, como os trabalhos anteriores da Companhia, Pornoáudio (2016) e Olfato (2018). 

 

A peça narra a história de uma mulher, identificada como “Vizinha”, que, impedida de voltar à sua casa, por conta do toque de recolher, termina passando a noite na casa de uma família de vizinhos. Com sons (ruídos) que vão ajudando a construir a dramaturgia, ela não consegue voltar e espera notícias do lado de fora.

 

A personagem Augusta, mãe da família, assiste a televisão compulsivamente e se sente orgulhosa por conseguir vinho argentino via contrabando. “Nós usamos o universo dos anos 1980 e trouxemos para a cena as referências da televisão, que colabora com o discurso, com a narrativa. A dramaturgia propõe esse debate, como esse meio pode alienar e moldar a forma como vivemos. A influência da televisão nos anos 80 é muito decisiva e ainda presente na atualidade”, analisa Aureliano.

 

A família de Augusta, formada pelos filhos, Augustinho e Augustinha, é geniosa, divertida e irônica, mas um fracasso como seres sociais. As relações trazidas à tona pelas personagens mostram um mundo em que os indivíduos se encontram cada vez mais apartados de seu ambiente social e anestesiados em relação ao que acontece ao redor. 

 

O RUÍDO

Nos anos 1980, o Brasil ainda vivia ecos do regime autoritário e ditatorial instalado na década de 1960 pelo governo militar. Situações análogas se deram em muitos países da América Latina no mesmo período. No Peru, especialmente, além da repressão, havia a ameaça do terrorismo. O “ruído” ameaçava em muitos lugares. 

 

Na montagem da Cia dos Escombros, a direção procura um paralelo com o que acontece atualmente no Brasil. “Vivemos uma instabilidade política. A isso se soma, a experiência pandêmica - mais um toque de recolher, um ruído que nos constrange a esperar a hora de sair de casa, em segurança e liberdade - ainda que ilusórias”, finaliza Daniel Aureliano.

 

Sinopse curta

No momento em que a Vizinha dá um pulo na casa de Augusta para avisar que o alarme do carro disparou, soa o toque de recolher e ela não pode mais voltar à sua residência. Isolada na casa daquela família desconhecida até a manhã seguinte, ela espera notícias do lado de fora: do seu marido, da cidade, do país...

 

Mariana de Althaus

Mariana de Althaus nasceu em Lima em 1974. Estudou Literatura na Pontifícia Universidade Católica do Peru e participou de várias oficinas de atuação, dramaturgia e direção. É dramaturga, diretora de teatro, roteirista e professora de dramaturgia.

 

Entre seus textos destacam-se:  “Los charcos de la ciudad”, “Tres historias del mar”, “Princesa cero”, “Volar”, “Vino, bate y chocolate”, “Ruído”, “Efímero” (vencedora do terceiro prêmio do I Concurso de Dramaturgia do Centro Cultural Britânico, 2007), “La mujer espada”, “Entonces Alicia cayó” (vencedora do primeiro prêmio do III Concurso de Dramaturgia do Centro Cultural Britânico, 2010), “El lenguaje de las sirenas”, “El Sistema Solar”, “Padre Nuestro” - esses dois últimos trabalhos nomeadas como Melhor Peça e Melhor Dramaturgia no “Prêmio Luces” do jornal El Comercio. Em 2014, ela publicou o livro “Dramas de família”, no qual reúne três de seus melhores trabalhos, entre eles "Ruido", estabelecendo-se como uma das representantes mais importantes da atual dramaturgia peruana.

 

Daniel Aureliano

Daniel Aureliano é formado pela Escola de Arte Dramática EAD/ECA/USP e pós-graduado em Gestão de Projetos Culturais no CELACC/ECA/USP.  Vencedor do ProAC 2020 realiza sua primeira direção artística, o espetáculo “Ruído” com estreia prevista para março de 2022. Em 2019 realizou um curso de direção cênica com o Luis Fernando Marques (LUBI), no Itaú Cultural. Como ator trabalhou na peça  "A Resistível Ascensão de Arturo UI" do Teatro de Narradores, sob direção de José Fernando de Azevedo, “Abigail Williams ou de onde surge o ódio?” - Cia. Ato Reverso - Direção Nathália Bonilha, entre outras. Como produtor atuou no espetáculo UM PANORAMA VISTO DA PONTE, com direção de José Henrique de Paula, vencedor dos Prêmios APCA e Shell de 2018. Em 2012 atuou na produção executiva de GUARDE UM BEIJO MEU, com direção de Mário César Costaz entre outros.

 

Ficha Técnica

Dramaturgia: Mariana de Althaus

Direção artística: Daniel Aureliano

Tradução: Camilo Schaden e Daniel Aureliano

Elenco: Amanda Rodovalho, Andrea Tedesco, Camilo Schaden e Priscilla Carbone

Direção de arte: Clau Carmo

Desenho de luz: Laiza Menegassi

Desenho de som: Edson Secco

Criação audiovisual: Bruno Sperança

Orientação para estudos latino-americano: Ana Julia Marko

 

Composições originais: Camilo Schaden

Cellista off: Rebeca Lopes

Voz off: Amanda Rodovalho, Camilo Schaden, Eduardo Parisi e Raúl Durán (Grupo Yuyachkani)

 

Operação de luz: Lua Melo Franco

Operação de som: Milla Bastos

Operação audiovisual: Bruno Sperança e Marcos Fellip Sales

Costureira: Salete André

Cenotécnica: Alessandra Siqueira

Visagismo: Soul Hair Barber - Pablo Rodrigues e Marcelo Gomes

 

Arte gráfica e Social Media - Macondo Design

Foto e vídeo: OMailto Studio - Flávio Mailto

Assessoria de imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques

Assistência de assessoria de imprensa: Daniele Valério e Flávia Fontes

 

Idealização: Daniel Aureliano e Priscilla Carbone

Elaboração do projeto: Camilo Schaden, Daniel Aureliano, Priscilla Carbone e Teresa Borges 

 

Produção: Muchas Gracias Produções - Daniel Aureliano

Realização: Cia. do Escombro e Governo do Estado de São Paulo

 

Projeto contemplado no Edital ProAC n°01/2020 - Produção e Temporada De Espetáculos Inéditos de Teatro.

 

 

Serviço

Ruído

Classificação etária: 14 anos | Duração: 105 minutos

Dias 16, 17, 23 e 24 de abril. Sábados, 21h; domingos, 19h.

Canal: https://www.youtube.com/OFICINASCULTURAISDOESTADODESAOPAULO

 

Nas redes:

@ruidobrasil

https://www.facebook.com/RuidoBrasil

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