[Crítica] 9 dias em Raqqa

 

Sinopse:

Leila Mustapha é curda e síria. Raqqa é sua batalha: a capital original do Estado Islâmico, com 300 mil habitantes, foi reduzida a um campo de ruínas pela guerra. Treinada como engenheira, prefeita aos trinta anos, imersa em um mundo masculino, sua missão é reconstruir a cidade, promover a reconciliação e estabelecer a democracia. Uma missão extraordinária. Uma escritora francesa cruza o Iraque e a Síria para conhecê-la. Nessa cidade perigosa, tem nove dias para conviver com Leila e poder contar sua história em um livro.


               O quê eu achei?

Confesso que não costumo acompanhar o conflito no Oriente Médio nas notícias internacionais mas quando li a sinopse desse documentário, me interessei pela história da prefeita. 

Leila Mustapha era uma jovem síria da etnia curda (povo étnico presente na Turquia, na Armênia,Azerbaijão,Iraque,Síria e Irã) de 30 anos quando se tornou prefeita da cidade de Raqqa,atualmente ex-capital do Estado Islâmico mas na época em que ela assumiu o cargo, ainda era.

Uma mulher (única entre os 130 homens da Assembléia Operação Raiva do Eufrates) nova,solteira, engenheira por formação,tem a (nada fácil) tarefa de reconstruir a cidade e recuperar a dignidade de um povo que sofreu nas mãos do radicalismo-que incluíam decapitações,estupros,apedrejamentos de mulheres acusadas de adultério,morte aos homossexuais e por aí vai.Imaginem ter o peso dessa responsabilidade em seus ombros.Não é um fardo que qualquer um consiga carregar.

A escritora francesa Marine de Tilley toma conhecimento da coragem de Leila e resolve viajar para a Síria por 9 dias para conversar com ela e narrar seus feitos em um livro.Elas se encontraram em outubro de 2017, após a fim do domínio do Estado Islâmico e o resultado foi, além desse documentário filmado pelo francês Xavier de Lauzanne e o livro La Femme,la vie et la liberté.

Normalmente filmes e documentários sobre o Oriente Médio só abordam o desespero,os problemas e a miséria mas esse foca na esperança e na coragem de uma mulher que ajudou a reconstruir pontes,escolas,hospitais,mesquitas,os 25.000 prédios destruídos pelos bombardeios e os 30.000 outros enfurnados pelo fogo de artilharia?

Quem melhor do que ela, a curda, que cresceu entre e com os árabes, em suas universidades, para reconstruir a cidade e a paz?

Quem melhor do que ela, a jovem "de cabelo" e jeans justos, para defender suas "irmãs" que por mais de três anos sobreviveram como escravas?

Sua ação em Raqqa, uma mistura de coragem, força e lucidez, é uma verdadeira revolução emancipatória para o Oriente Médio ... mas também para o Ocidente.

Um tapa na cara da modernidade.Uma ode ao poder feminino! As cenas finais mostram que há sim esperança.

Pode ser assistido através da plataforma Looke.





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