[Nerds & Geeks] Série Teorias das conspiração:Os Protocolos dos Sábios de Sião

¨Se existe algum texto capaz de gerar ódio entre as massas, sem dúvida alguma é este . . . Este livro é composto apenas por mentiras e difamações.¨

Elie Wiesel, Prêmio Nobel da Paz


   Os Protocolos dos Sábios de Sião é o livro anti-semita (que prega ódio ao povo judeu)mais famosa da contemporaneidade. Mesmo após tantos anos após ter sido publicado pela primeira vez, em 1903,ainda é amplamente divulgado pela Internet. 

A primeira coisa que você precisa saber sobre ele é que é INTEIRAMENTE falso. Os grupos e indivíduos que o propagam estão unidos por um único objetivo: fomentar o ódio pelos judeus.
É um trabalho completamente fabricado a partir de mentiras e não se baseia em nenhum fato concreto. Ele foi escrito com a intenção de dar uma desculpa para culpar os judeus pelos males da sociedade.Quem o espalha alega que o documento demonstra uma conspiração judaica para dominar o mundo,a tal conspiração liderada pelos Sábios de Sião mas essa organização nunca existiu.Vamos tentar entender como tudo começou.

Em 1903, o jornal russo Znamya (palavra russa para designar banner) publicou trechos do livro Os Protocolos dos Sábios de Sião de forma seriada mas a versão mais difundida hoje é a de 1905,era um apêndice do texto de Sergei Nilus (místico e conselheiro do czar Nicolau II) intitulado  Os Grandes e os Pequenos: A Vinda do Anticristo e o Domínio de Satã na Terra.

Não se sabe a origem exata dos Protocolos, quem teve a ideia ou começou a escrevê-lo-ou se contratou outros para fazê-lo- mas o que importa é sua intenção caluniosa de falsamente retratar os judeus como conspiradores não apenas na União Soviética mas no mundo todo. A teoria mais provável é que foi o czar Nicolau II, que tenha convidado Mathieu Golovinski,um escritor e ativista, para escrever textos para colocar a culpa dos males sócio-econômicos da Rússia nos judeus.
O texto consiste em 24 capítulos ou protocolos, apresentados como se fossem atas de encontros entre os líderes judeus, os ¨sábios de Sião¨ e relata os ¨planos de dominação mundial¨para controlar o mundo através da manipulação da economia,do controle dos meios de comunicação, da mídia e estimulando praticantes de religiões diferentes a lutarem entre si.

Depois da Revolução Russa de 1917, quando a família real Romanov foram assassinados pelos bolsheviques, o grupo fundado por Lênin (detalhe:eles tinham judeus entre seus membros) subiram ao poder. Os inimigos do bolshevismo não tiveram outra alternativa senão fugir da URSS como refugiados políticos e levaram cópias dos Protocolos para outros países da Europa.Não demorou muito para que versões traduzidas começassem a circular em lugares como EUA, Japão,América do Sul,África,Oriente Médio...  A primeira tradução para o árabe apareceu na década de 20.

O jornal The Dearbon Independent,propriedade do magnata Henry Ford,começou a publicar uma série de artigos baseados em trechos dos Protocolos e mais tarde, Ford reuniu todos eles e fez uma compilação no livro O Judeu Internacional,que foi traduzido em pelo menos 16 línguas.Tanto Hitler quanto Joseph Goebbels,que mais tarde se tornou Ministro da Propaganda Nazista,eram fãs do trabalho de Ford e elogiavam os Protocolos.

O jornal inglês The Times desmascarou Os Protocolos, apresentou algumas provas conclusivas de que ele não passava de um plágio malfeito de uma sátira política contra Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, escrita pelo Maurice Joly em 186, O diálogo no inferno entre Maquiavel e Montesquieu, sendo que essa obra nem mencionava os judeus, mas alguns elementos dela foram plagiados pelos Protocolos. 
Mais tarde,outras investigações revelaram que um capítulo do livro ¨Biarritz¨, de Hermann Goedsche em 1868, também fora plagiado.

É lógico que um texto sobre antissemitismo era um prato cheio para o nazismo.Nas décadas de 20 e 30, eles eram usados pela propaganda nazista a torto e a direito.Pelo menos 23 edições do Protocolo foram publicadas entre 1919 e 1939.
Durante os três anos em que esteve preso por tentativa de golpe de Estado, Hitler escreveu Mein Kampf (Minha Luta), o manifesto ideológico que ajudou na ascensão do nazismo ao poder e nele,Hitler incluiu passagens dos Protocolos para justificar a caça aos judeus que viria a se tornar o Holocausto. Mesmo antes do nazismo assumir ao poder-o que só aconteceu em 1933-os textos já eram usados pelos oficiais para incitar o ódio aos judeus e justificar sua perseguição a eles.

Mas também houve muita contestação contra eles. Em 1935,uma corte judicial suíça multou dois líderes nazistas por distribuírem duas cópias em alemão dos Protocolos de Berna.O juiz que presidia o tribunal declarou que o conteúdo era¨difamatório,uma óbvia falsificação e com absurdos sem sentido¨, para usar as palavras exatas da sentença proferida.
E não foi a única vez: em 1964,após um minucioso estudo, o Senado americano divulgou um relatório declarando que os Protocolos também foram todos inventados e que seu conteúdo era formado por ¨um palavrório incoerente¨ e criticaram os comerciantes que o vendiam de porta em porta.

Teve uma versão traduzida aqui no Brasil:feita pelo membro do movimento integralista,versão nacional do fascismo,Gustavo Barroso.Desde o período da Independência,alguns setores conservadores tinham a ideia de conspirações judaica em importantes eventos brasileiros.

O Holocaust Museum de Nova York chegou a fazer uma exposição em 2066 para denunciar a farsa dos textos: A Dangerous Lie:The Protocols of the Zion Elders (Uma Mentira Perigosa:Os Protocolos dos Sábios de Sião.A exposição ainda pode ser vista no Gonda Educational Center, dentro do museu.

  O ódio não deve ser estimulado em nenhuma forma.Agora que você já tem ciência de que eles foram uma farsa, já pode contar a verdade caso alguém não saiba-e mostrar as provas.



PS:Essa foi a primeira de uma série de teorias da conspiração. Aceito sugestões para a próxima! Deixem nos comentários sugestões de teorias que vocês queiram saber mais sobre.

   Fontes:Sites Superinteressante (arquivo da revista Mundo Estranho),Wikipédia e Holocaust Memorial Museum.


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