[Resenha] Em Algum Lugar Nas Estrelas

Sinopse: Em Algum Lugar nas Estrelas, da autora norte-americana Clare Vanderpool, é um romance intenso sobre a difícil arte de crescer em um mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença. Pelo menos é desse jeito que as coisas têm acontecido para Jack Baker. A Segunda Guerra Mundial estava no fim, mas ele não tinha motivos para comemorar. Sua mãe morreu e seu pai... bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. Jack é então levado para um internato no Maine (o mesmo estado onde vivem Stephen King e boa parte de seus personagens). O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a indiferença dos outros alunos: tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno. Até ele conhecer o enigmático Early Auden. Early, um nome que poderia ser traduzido como precoce, é uma descrição muito adequada para um prodígio como ele, que decifra casas decimais do número Pi como se lesse uma odisseia. Mas, por trás de sua genialidade, há uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo e de lidar com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor. Quando chegam as festas de fim de ano, a escola fica vazia. Todos os alunos voltam para casa, para celebrar com suas famílias. Todos, menos Jack e Early. Os dois aproveitam a solidão involuntária e partem em uma jornada ao encontro do lendário Urso Apalache. Nessa grande aventura, vão encontrar piratas, seres fantásticos e até, quem sabe, uma maneira de trazer os mortos de volta – ainda que talvez do que Jack mais precise seja aprender a deixá-los em paz.

O que eu achei?

“Em Algum Lugar nas Estrelas”, de Clare Vanderpool nos apresenta a Jack Baker, um menino que perdeu a mãe e é levado para um colégio interno pelo seu pai, um oficial da marinha. Lá ele conhece Early Auben, um “garoto estranho”, nas palavras dele, e juntos saem em busca do Pi. Sim, do Pi. Esse numero que fascina muita gente. Mas nessa história, ele ganha novos formatos e uma nova história.
A autora soube criar uma história extremamente tocante e emotiva, sobre perdas e buscas; sobre estar perdido e nem saber como se encontrar. E se esse tipo de história já é emocionante com adultos, imagine só como pode ser com crianças de 12 anos! Há uma sutileza e uma honestidade muito realistas na história, mas sem deixar de lado a leveza das crianças. A criação das personagens foram muito bem montadas e equilibradas, sem pesar no drama – deixando melodramático em excesso – nem numa infantilidade extrema.
O livro além de contar a aventura de Jack e Early, conta a história de Pi – Early conta essa história, que diz ler-la através dos algarismos de Pi -, um menino que saiu em uma aventura e está perdido. Cabe a Early encontra-lo, e irá tentar com a ajuda de Jackie. Nessa mistura dos acontecimentos dos dois meninos e da história de Pi, vemos algumas conexões e seus significamos para a trajetória dos dois. O lúdico, unido ao mundo realista da história, dá formas encantadoras a história.
Ambos sofreram perdas e se sentem extremamente deslocados onde estão, por isso essa aventura irá se mostrar muito mais do que sair em busca de “moinhos de vento”. Ela irá revelar muitos segredos, apresentará muitos perigos, mas acima de tudo, os fará entender e refletir sobre os caminhos que a vida deles tomaram. Ambos possuem lembranças que não querem abrir mão, pessoas que não querem esquecer, e é nesse ponto que a jornada dos dois vai se fazer tão importante.
Enquanto Jack é um menino triste, que sofre com uma possível rejeição paterna, Early tem uma mente afiada, é destemido e muito inteligente – ele é autista. E em sua estranheza, Jack encontrará muito mais do que imaginava; muito mais do que amizade: encontrará respostas. A estranheza irá deixar de ser um 'defeito', por assim dizer, e vai ser um atrativo que os manterá unidos, e o que normalmente seria tratado nas histórias como motivo para bullying, aqui é tratado com um cuidado dedicado a explorar a mente única de Early.
Não tenho muito como falar desse livro, já que os motivos da trajetória dos dois e de sua busca, por quer ir descobrindo e entendendo-a durante a leitura é o que faz a conexão com toda a história e o mistério dela, incluindo as referências a constelação Ursa Maior, que é tão presente na história. O que posso dizer é que “Em Algum Lugar nas Estrelas” é um livro emocionante e divertido do início ao fim, com uma história impecável de amor e amizade.

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