[Resenha] Você

Sinopse: Bestseller do The New York Times, o romance de estreia de Caroline Kepnes  ganhou elogios de escritores do calibre de Stephen King e Sophie Hannah, além de resenhas estreladas, e deu origem a uma série de TV homônima que estreia neste primeiro semestre nos EUA. Não é para menos. Hipnótico, assustador, brilhante são alguns dos adjetivos usados para descrever este thriller sobre um amor obsessivo e suas perigosas consequências. A trama tem início quando Guinevere Beck, que deseja ser escritora, entra na livraria do East Village onde Joe Goldberg trabalha. Bonita, inteligente e sexy, Beck ainda não sabe, mas é a mulher perfeita para Joe, que, a partir do nome impresso no cartão de crédito de sua cliente, passa a vasculhar sua vida na internet e a orquestrar uma série de eventos para garantir que ela caia em seus braços, fazendo com que tudo pareça obra do acaso. À medida que o romance entre os dois engrena, porém, o leitor descobre que Beck também guarda certos segredos e os desdobramentos desse relacionamento mutuamente obsessivo podem ser mortais.

O que eu achei?
Poucos foram os livros que conseguiram me deixar tão ansioso e inquieto, mas "Você", de Caroline Kepnes sem dúvidas é um deles.
A história de um jovem - Joe - que trabalha em uma livraria e se apaixona por uma cliente - Beck - que surge assim, se repente, ultrapassa os limites do aceitável e desafia a sua mente a todo o instante, brincando com o nosso juízo e senso de justiça.
O livro é narrado por Joe, o apaixonado/obcecado, que nos leva para dentro de sua mente que mistura seu conceito pessoal de amor com uma obsessão quase parasitária. A história é quase um monólogo sombrio, uma longa carta de amor.
O enredo nos entrega uma grande gama de personagens únicos e de personalidades muito bem distintas, no mundo que gira ao redor de Beck, uma aspirante a escritora. Joe faz dr tudo - TUDO - para conquistar sua amada, e não a perde de vista até conquistá-la. É incrível como a autora consegue jogar com nossa mente e destruir, página após página tudo o que conhecemos sobre stalkers, obsessão e coisas do tipo, que são tão fáceis de caírem no clichê. Mas originalidade é a palavra de ordem dessa história.
Joe não mede esforços para ter Beck para si, e vemos como ele age e reage; como é capaz de justificar seus atos - por piores que sejam - de forma tão simples e desapegada da realidade. A imersão na mente dele é gradual, e quando menos se espera, estamos caindo nas teias dele, sem saber o que pensar de suas atitudes. Esse ponto é um dos mais incríveis: sua perspectiva é tão bem trabalhada e tão carregada de emoção, que passamos a sentir certa empatia por ele.
As outras personagens dão um brilho a mais na história, tornando Beck e sua personalidade muito mais complexa. Sabemos das verdades e das mentiras que ela conta, e pouquíssimo nos é escondido. Mas não são os fatos que importam, mas sim o que eles causam. A ansiedade para saber das reações de cada um é de matar! E as atitudes de Joe para com as pessoas ao redor de Beck são assustadoramente cruéis.
A história é angustiante e realista, morderna e original, cheia de suspense. Explora de maneira épica a mente perturbada de um - me atrevo? Sim! - psicopata. Contudo, há grandes problemas nessa edição.
O livro é a primeira edição impressa da obra pela Editora Rocco, e eu teria aproveitado muito mais se não fossem os incontáveis erros de tradução e a falta de uma revisão mais cuidadosa. É nítido que a tradução, em alguns pontos, foi feita ao pé da letra, tornando algumas expressões e algumas frase e momentos ruins, cortando o clima da narrativa e tirando toda a profundidade do momento, sem contar algumas expressões que perdem totalmente o sentido, a poesia.
Ainda assim esse livro entrou para a lista dos meus favoritos, mostrando de forma assustadora e perturbadora como nunca sabemos realmente quem são as pessoas com quem nos relacionamos.
E mais, uma série baseada nesta obra será lançada. Para saber mais e ver o trailer, é só clicar Aqui.

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