[Crítica] Alvorada

Sinopse: Na intimidade do Palácio da Alvorada, o cotidiano da presidente Dilma Rousseff, primeira e única mulher a governar o Brasil, durante o desenrolar dramático do impeachment que a tirou do poder. Rodado entre julho e setembro de 2016, o filme testemunha a tensão e a perplexidade que escalavam no círculo da presidente, em reuniões, telefonemas intermináveis e sussurros ouvidos da cozinha à guarda do palácio de Oscar Niemeyer. Ao mesmo tempo, revela uma personalidade surpreendente nas conversas informais em que Dilma fala de política, história, literatura – e de si própria. Estreia brasileira.

O que achei? Dirigido por Anna Muylaert e Lô Politi, o longa que compete no 26º Festival É Tudo Verdade mostra a rotina dos últimos meses do governo Dilma. As diretoras tiveram acesso à ex-presidente por quatro meses, desde a abertura do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados e a aprovação de sua destituição pelo Senado.

O documentário é um pouco devagar ao mostrar os bastidores do cotidiano do governo Dilma. É até um contraste à tensão que o país vivia na época em meio aos escândalos de corrupção. O documentário é um retrato mais intimista tanto de Dilma quanto dos bastidores do funcionamento do Palácio da Alvorada desde os assessores até os cozinheiros que continuavam com seus afazeres em meio à crise.

Em alguns momentos, principalmente onde se mostra cenas de móveis sendo retirados e os funcionários realizando suas atividades rotineiras, passa uma sensação de melancolia. Vemos uma Dilma resignada com o que está para acontecer. Uma resignação que parece se refletir também nos funcionários, principalmente aqueles mais próximos a ela.

Alvorada revela também aspectos não muito conhecidos de Dilma, retratando-a em conversas informais sobre vários assuntos, sobre si mesma.

O documentário teve como objetivo mostrar o lado mais humano de um dos períodos mais tensos da política brasileira e como isso afetou a rotina de Dilma e das pessoas que trabalhavam no Palácio na época. Só senti falta das diretoras ouvirem o que esses funcionários, que geralmente são invisibilizados, tinham a dizer sobre o momento político e histórico que eles estavam testemunhando em primeira mão em vez de só mostra-los fazendo suas atividades rotineiras. Teria sido um documentário mais humano e com mais pluralidade de perspectiva.
 
Direção: Anna Muylaert e Lô Politi. Brasil.
90 min.
Idioma: português.
Classificação indicativa: livre
 
Trailer:
 

 Escrito por Michelle Araújo Silva



 

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