[News] Livremente inspirada em Guimarães Rosa, a peça Reflexo Guimarães estreia dia 18 de outubro no Instituto Cultural Capobianco

Um homem fica horrorizado com sua imagem refletida no espelho. Ao lado de outro homem, cria diferentes histórias que oferecem novas ficções para sua existência soberbamente individualizada. Peça livremente inspirada em contos de Guimarães Rosa,Reflexo Guimarães com texto de Alessandro Toller, concepção e direção de Gonzaga Pedrosa e interpretação dos atores Carlos Colabone e Clóvis Goncalves, estreia dia 18 de outubro, sexta-feira, às 21 horas, no Instituto Cultural Capobianco para temporada até 15 de dezembro, de quinta a domingo.

O diretor Gonzaga Pedrosa estava pesquisando sobre "identidade" para uma futura trilogia e foi convidado para criar um espetáculo para o projeto Quem Conta um Ponto Aumenta um Conto,contemplado pelo Prêmio Zé Renato de Fomento ao Teatro.Teve carta branca para montar a equipe de criação e, a partir da entrada do dramaturgo Alessandro Toller, ambos se debruçaram sobre o desafio de trabalhar com contos de João Guimarães Rosa. "Concordamos que O Espelho, considerado por alguns especialistas como um ensaio,seria a nossa “vereda”,e, de repente, a ideia da pesquisa e o conto fizeram sentido. A partir daí, fomos desvelando um Guimarães possível", revela Gonzaga. "Elaboramos uma dramaturgia a partir da relação com contos do Guimarães Rosa”. “Inspiramos-nos livremente em quatro deles:A Benfazeja, Famigerado, Sorôco, sua mãe, sua filha e O Espelho”, conta Toller.

Autor e diretor entendem o texto como um diálogo com as histórias de Guimarães. "Não são os mesmos personagens nem os mesmos motes, mas ecoam as discussões contidas nos contos", explica Toller. No processo de criação, Alessandro Toller foi econômico em rubricas e não acredita que as poucas que existem guiam a encenação. "Mesmo assim, o diretor é muito cioso delas. Podemos dizer, talvez, que cada uma das histórias possui uma rubrica de pequena ação, simples, mas especial em cada contexto: um bilhete retirado do bolso; um comprimido para engolir; um paletó virado ao contrário."

Toller afirma que não foi um processo simples lidar com a literatura de Guimarães. "Não era uma adaptação, mas partia dela, dialogava-se intrinsecamente com ela. Tínhamos o risco de o texto se tornar uma sub-literatura, sombreada, ou de ir para caminhos muito distantes da origem proposta. Optamos por construir uma dramaturgia que estivesse mais distante da fala cotidiana e mais próxima de um temperamento literário, tentando inserir na forma a própria origem literária do projeto." Sobre onde se enxerga Guimarães Rosa na peça, já que não é adaptação e sim inspiração, o diretor Gonzaga Pedrosa poetisa: "o nosso Guimarães-ficção propõe um diálogo-bênção com o Guimarães-real.João Rosa está nesse sertão outro, recriado, guiando nossos passos na travessia por essas histórias aproximadas e distorcidas. as personagens refletidas são narrativas-irmãs, parecidas e diferentes, que convivem no mesmo sertão-nós.

Sobre a montagem, outras referências
"O saber arquetípico e transcendental me inspira. O homem, a estação ferroviária desativada e o espelho são metáforas de um tempo-espaço míticos. Os questionamentos suscitados no homem, diante da imagem de si mesmo projetada no espelho, procurou abrigo no meu peito, me instigou, provocou e me convidou para uma dança-libertação." Caminhando de mãos dadas com o estudo dos contos de Guimarães Rosa, o diretor foi ao encontro de outras referências: a pintura de Francis Bacon, as bonecas de argila dos artesãos do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, as fotografias de Jurgenklauke e a sinfonia do silêncio de Sofia Gubaidulina.

"Apresentei essas referências aos atores Carlos Colabone e Clóvis Gonçalves, ao iluminador André Lemes e ao músico Gregory Sliver. Diretor e atores pesquisariam a linguagem do personagem-narrador. O cenário seria um espaço vazio, mítico e simbólico, uma caixa cênica preta; no centro, uma pequena plataforma quadrada, duas lâmpadas tubulares penduradas na horizontal e vertical, criando contornos de um cubo incompleto, duas cadeiras e quatro tigelas esmaltadas brancas." Gonzaga sugeriu uma iluminação que seguisse o mesmo ritmo das narrativas, ora mostrando, ora escondendo a atmosfera simbólica  do espaço cênico. Para a trilha sonora, por sua vez, que ela reproduzisse e dialogasse, em melodia, com as vozes do personagem cindido e multiplicado. Quanto ao figurino, que contornasse corpos com a mesma sutileza e primor com que a narrativa foi elaborada. Enfim, tudo a serviço da cena e da relação com o público.

Os atores
Tendo trabalhado com os diretores Fauzi Arap, Chico de Assis, Fernando Peixoto e Eduardo Tolentino, Carlos Colabone (prêmio Molière de Cenografia pelo espetáculo “Vestido de Noiva”) retorna ao palco como ator depois de 30 anos. Durante esse período, dedicou-se à arte educação, à cenografia e aos figurinos e, também, ao júri dos Prêmios Shell e Aplauso Brasil. "No palco estamos contando histórias de forma limpa, usando os recursos de nosso corpo, resultante de um treinamento que fizemos. Estou abraçando este desafio com o coração aberto e acreditando muito no que estou fazendo, com um texto incrível do Alessandro Toller e uma direção desafiadora do Gonzaga Pedrosa." Conta Carlos Colabone.

Amigo de Gonzaga Pedrosa, Clóvis Gonçalves, que já atuou em peça do autor Alessandro Toller, diz que trabalhar com Carlos está sendo uma grata surpresa. "É um enorme prazer, é um parceiro de trabalho, criativo, disciplinado, divertido é um excelente jogador cênico. A equipe que o Gonzaga montou joga muito bem com a criatividade dele, acrescentando qualidade a quem já possui." "Cada trabalho tem seu perfil e exigência, tento aprender a atuar, partindo de certos desapegos, isto é, buscando limpeza de gestos, de máscaras, de clareza e sinceridade na relação texto-público. Então, a experiência está a serviço de um aprendizado, mas isso só pode ocorrer quando há qualidade em tudo.E convenhamos, o Alessandro Toller não escreveu um texto fácil, e sim um desafio, para quem gosta de tal."

Gonzaga Pedrosa
É diretor, ator e artista plástico, formado em Publicidade e Propaganda pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM, SP e especializado em teatro na Inglaterra pela Ècole Philippe Gaulier, pela The Desmond Jones Schoolof Mime andPhysicalTheatre e pela The RussianSchoolofActing. E uma experiência no Odin Teatret na Dinamarca.Atuando profissionalmente desde 1984, participando de comerciais, novelas e seriados e, em teatro desde 1991. Dirigiu Tempo de Viver, O “Mercador de Veneza”. Atuou em“Caixa de Memórias”,“A Ilusão Cômica”,e ,“A Bilha Quebrada”, com direções de Márcio Aurélio; “Assim É,  Se Lhe Parece",com direção de Marco AntonioPâmio; “Os Possessos”, com direção de Antônio Abujamra; “Sábado, Domingo e Segunda”, com direção de Marcelo Marchioro; “O Amor Venceu”, com direção  de Bárbara Bruno.Fez assistência de direção para MárcioAurélio,Marco Antônio Pâmio e Antonio Abujamra.

Clóvis Gonçalves
Ator e diretor, formado em 1984 em Direção Teatral pela ECA/USP. Dentre os últimos trabalhos no teatro destacam-se as peças: “Race”, direção de Gustavo Pazzo, (Sesc Pinheiro e viagens SESI); “Obsceno”, direção de RobertoVignati, (Teatro Viga); “Agreste”, direção deMarcio Aurélio (Funarte); “Garagem”, direção de Gustavo Pazzo, (Teatro Galpão Folias). Participação em novelas, como “Brasileiros e Brasileiras”, “Chiquititas” e “Uma Rosa Com Amor", (SBT); “Dois Corações”, e, “Acampamento Legal”, (Record); “Sandi e Junior”,“O Profeta”, “Pé na Jaca”, “Paraíso Tropical”, e, na minissérie “Queridos Amigos”,(Globo); “Nove Milímetros”, na Fox, série policial brasileira; Atuou em mais de 1200 comerciais de televisão.

Carlos Colabone
Artista plástico formado pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, com especialização em artes pela UNESP, criou exposições e instalações cenográficas para os projetos “Quase Dez Anos de Prêt-à-Porter”, idealizado por Antunes Filho, e “Antunes Filho Poeta da Cena”, baseado no livro homônimo de Sebastião Milaré e EmidioLuisi. Cenógrafo e figurinista, participou dos espetáculos “Maria Quitéria”, de Marici Salomão e direção de Fernando Peixoto, “Risco e Paixão”, de Fauzi Arap e direção de Francisco Medeiros, “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, “Corpo a Corpo”, de Oduvaldo Vianna Filho e “Rasto Atrás”, de Jorge Andrade, direções de Eduardo Tolentino de Araújo. Foi colaborador da Cia. Teatro da Cidade, de São José dos Campos. Como autor, encenou “Tempo de Viver”. E, como ator, atuou em "Risco e Paixão", de Fauzi Arap, com direção de Francisco Medeiros; e, "Homens de Papel", de Plínio Marcos, com direção de Antônio de Andrade e supervisão de Fauzi Arap.

Peça Reflexo Guimarães – Estreia dia 18 de outubro.Sessões de quinta a domingo, até 15 de dezembro de 2019.  Texto de Alessandro Toller. 

Concepção e direção de Gonzaga Pedrosa. Elenco  - Carlos Colabone e Clóvis Gonçalves. Ensaios abertos dias 12 e 13 de outubro. Livremente inspirado na obra de Guimarães Rosa.

Instituto Cultural Capobianco. Rua Álvaro de Carvalho, 97, tel. 3237-1187. De 18/10 a 15/12.

De Quinta a Sábado, às 21 horas e domingo, às 19 horas.  Ingressos R$ 20,00 e R$ 10,00.

Lotação 43 lugares. Classificação: 12 anos. Duração: 80 minutos.


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