[Resenha] Me Chame Pelo Seu Nome

Sinopse: Livro que inspirou o filme dirigido por Luca Guadagnino, aclamado nos festivais de Berlim, Toronto, do Rio, no Sundance e um dos principais candidatos ao Oscar de 2018. A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver. Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida. Com rara sensibilidade, André Aciman constrói uma viva e sincera elegia à paixão, em um romance no qual se reconhecem as mais delicadas e brutais emoções da juventude. Uma narrativa magnética, inquieta e profundamente tocante.


O que eu achei?
“Me Chame Pelo Seu Nome”, de André Aciman, é um dos poucos romance pelos quais já tive algum interesse em ler, principalmente depois de assistir ao filme. E sim, eu vi o filme antes de ler, e foi isso o que me fez ansiar loucamente por essa leitura. O filme, deslumbrante em todos os sentidos só me fez desejar mais a história original.
O livro é um relato, como um diário, onde Elio relembra e reconta o verão em que conheceu Oliver, e tudo o que se passou entre eles. Mas além disso, ele relembra tudo o que se passou dentro dele mesmo. A história é quase uma ópera da autodescoberta na juventude, onde o jovem Elio, de 17 anos, se encontra perdidamente enfeitiçado pelo visitante Oliver, de 24 anos.


E é enfeitiçado, por que a compreensão do que ele sente escapa de suas mãos, e ele vive numa angústia sem entender exatamente o que sente e o porque de sentir aquilo por Oliver. É incrível ver que a construção desse relacionamento entre dois estranhos não foi forçada em momento algum pela mágicas mãos do destino ou algo parecido tão comum aos romances. A timidez e o medo das consequências daquele desejo, além da dificuldade em expressar aquilo que se sente faz com que a união dos dois se torne complicada, tempestuosa, como um jogo de gato-e-rato. O desejo impulsiona ao mesmo tempo que o medo prende, e ninguém sabe se deve fazer o primeiro movimento. Os sentimentos de Elio são avassaladores e novos, atingindo-o ferozmente. A forma como foi retratada os conflitos internos são extremamente realista. E um dos pontos mais inteligentes dessa história foi total ausência de rótulos. 


A narrativa é extremamente poética, dramática e apaixonante. A história é riquíssima de detalhes, ornada por muita arte, literatura e paixão. As personagens são lindas se se acompanhar, e suas personalidades são encantadoras. É como se uma obra de arte, uma pintura, ganhasse vida e nos constasse toda a história de seu nascimento, inspiração, decisão das cores, pressão das pinceladas, tudo até a obra completa e seu status de obra-prima!


Até mesmo o sexo é tratado de uma forma mais realista. O amor, que se satisfaz também pelo sexo, traz consigo questionamentos e descobertas desconcertantes, assustadoras. A novidade de tudo traz consigo medo, que anda de mãos dadas com o desejo, e as vezes até se misturam e se confundem. Mas o querer nunca se afasta.


O amor dessa história transcende carne e posse, vai além de sentimento e proximidade. O amor é expansivo e eterno, como se vivido e descoberto a cada dia, fresco, saboroso. É poético, profano, artístico, lírico e boêmio. É cada forma, textura e detalhe guardado na memória, que traz uma nostalgia que, ao mesmo tempo faz doer e acaricia.


E para quem viu o filme, saiba que há muito mais para acontecer além do final cinematográfico. A história se prolonga muito mais, e vemos mais profundamente o que aquele verão significou para os dois, mesmo após longos anos.


Eu não sei bem como falar desse livro de outra forma, uma vez que tanto filme quanto livro eu só conseguia pensar nisso: arte e poesia. A descoberta do primeiro e grande amor, a descoberta de si mesmo, a descoberta do novo... As descobertas que nos fazem ser quem somos e nos marcam de forma profunda, para sempre... É sem dúvida umas das histórias de amor mais lindas que eu já li e vi, e que não peca nem por exageros e nem por faltas. Tudo está lá, bem como deve ser. Realista e absolutamente emocionante.

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