[News] Festival Biscoito Fino no Clube Manouche

O Clube Manouche recebe nas duas últimas semanas de março (dias 21, 22, 23 e 29 e 30) o Festival Biscoito Fino, um recorte dos recentes biscoitos finíssimos que a gravadora Biscoito Fino vem oferecendo para o Brasil e outros países, ao longo de quase duas décadas – em 2020 vai comemorar os 20 anos em que se tornou referência e sinônimo de qualidade musical.
É um festival musicalmente plural nos estilos e gerações. Na estreia, ninguém menos que Moacyr Luz, que convida, aliás, o cantor, compositor e percussionista Nego Alvaro, um dos mais promissores sambistas da nova geração, e Qinho convidando Antonio Cícero (poeta, filósofo e imortal), numa noite onde palavras e canções se misturam e se completam. A programação segue com outros baluartes de nossa música: Leila Maria com Fátima Guedes, Joyce Moreno e a filha Ana Martins e encerra com Fabiana Cozza cantando o repertório de Bola de Nieve.
O Clube Manouche fica no subsolo da Casa Camolese (Rua Jardim Botânico, 983, Jardim Botânico, Tel.: 3514-8200) e os shows serão sempre no horário de 21h, com ingressos a R$ 80,00 (inteira), R$ 60,00 (ingresso solidário: 1 kg de alimento não perecível) e R$ 40,00 (meia) que estão disponíveis na Eventim: http://bit.ly/FestivalBF.
21/03 - quinta 21h - Moacyr Luz convida Nego Alvaro 


Moacyr Luz convida Nego Alvaro, um dos músicos do Samba do Trabalhador –roda de samba que ele comanda desde 2005, no Renascença Clube, no bairro do Andaraí, RJ - para o primeiro dia do Festival Biscoito Fino. A noite também terá o lançamento de “Natureza e Fé”, álbum de canções inéditas de Moa, compostas com novos parceiros como Fagner, Zélia Duncan, Pretinho da Serrinha, Martinho da Vila, Fred Camacho, Luiz Carlos da Vila e Jorge Aragão. Entre elas a que dá título ao disco em parceira com Teresa Cristina, “Periga” e “Samba em Vão”, parcerias com Fagner, “Samba de Obá”, com Jorge Aragão, e “Gosto”, dele com Zélia Duncan, entre outras.
As 12 novas canções desse álbum, na visão de Moacyr, resumem sua trajetória musical e celebram os 60 anos que completou no ano passado. Este disco é também o primeiro a não incluir canções com parceiros tradicionais, como Aldir Blanc, Paulo Cesar Pinheiro, Hermínio Bello de Carvalho e Ney Lopes, compositores com os quais dividiu parcerias ao longo de sua carreira. Mas seus grandes sucessos estarão no show também.
O carioca Nego Alvaro é conhecido nas rodas de samba da cidade. O cantor, compositor e percussionista é cria da Vila Catiri, reduto da zona oeste do Rio de Janeiro e trabalha como músico já há 15 anos. Mas foi no quintal da quadra do bloco Cacique de Ramos que, a partir de 2008, começou a entrar para valer na roda, chegando em 2010 ao Samba do Trabalhador, a roda das segundas-feiras comandada por Moacyr Santos em outro quintal carioca.
Aliás, Moa é espécie de padrinho artístico de Nego Alvaro e também o mentor e o produtor musical de seu segundo álbum solo, “Nego Alvaro canta Sereno & Moa”, disco lançado também pela gravadora Biscoito Fino no ano passado. Sucessor de “Cria do Samba” (2016), o álbum traz dez músicas da parceria de Moa com Sereno, integrante do grupo carioca Fundo de Quintal. O repertório incluiu sambas já gravados como “Vida da minha vida”, “Som Brasil” e “Amor, o Dono do Meu Caminho”, mas o repertório é majoritariamente inédito.

22/03, sexta, 21h - Qinho convida Antonio Cícero



Na segunda noite do festival, um dos nomes mais representativos da nova cena musical brasileira, o compositor e cantor Qinho apresenta o show “Qinho Canta Marina” com participação especialíssima de Antonio Cícero, irmão da cantora e compositora e co-autor de grande parte de sua obra.

No início do ano passado, Qinho lançou um EP com quatro canções do repertório de Marina Lima, quatro hits absolutos: "Fullgás​", "Uma Noite e Meia​", "Criança​" e "Charme do Mundo​". A ideia vinha tomando corpo desde o final de 2014, quando Qinho e Marina Lima dividiram o palco pela primeira vez no projeto Romance, em tributo à cantora e compositora. A partir de 2016, já com um show completo, Qinho levou as canções de Marina para os palcos do projeto Música Livre, do Sesc Rio, do Teatro Ipanema e por uma turnê fora do circuito tradicional no Rio de Janeiro. 


Depois de pesquisar a extensa discografia de Marina Lima e definir o repertório do EP e do álbum “Qinho canta Marina” – que a Biscoito Fino lançou nos formatos digital e físico – o desafio seguinte foi trazer esses sucessos para o universo musical do cantor. “A minha maior preocupação sempre foi preservar a beleza original dessas canções. Então, os arranjos podiam até ficar diferentes, numa onda mais contemporânea, mas desde que conseguíssemos realçar as canções, colocando-as em destaque”, contou Qinho à época do lançamento. Diferentes referências da música contemporânea daqui e de vários outros países, também ajudaram a criar a sonoridade do projeto, que traz Qinho nos vocais e guitarra, Gui Marques nos teclados e basssynth, Carlos Sales na bateria e Scott Hill nos saxes alto, barítono e soprano.

Nascido em 1984, ano em que Marina Lima lançava o álbum Fullgás, Qinho esteve rodeado pelos sucessos da década de 80 desde a infância, nos vinis do pai e nas trilhas sonoras das novelas: “Quando participei daquele tributo em 2014, levei um susto. Pude ver reunidas em uma mesma artista muitas daquelas canções que estavam cravadas na minha memória afetiva. Foi quando me deu o estalo sobre a dimensão da obra da Marina na música pop brasileira”, pontua.

Todo este repertório singular de Marina Lima estará no show, como “À Francesa” (Claudio Zoli/Antônio Cícero), “Me Chama” (Lobão), “Nada Por Mim” (Herbert Vianna/Paula Toller) e “Uma Noite E ½” (Renato Rocketh), mais leituras de poesias por Antonio Cícero, com palavras e canções se misturando e se completando.

23/03, sábado, 21h - Leila Maria convida Fátima Guedes 


Duas grandes mulheres da música brasileira se encontram no palco do Manouche abrindo a segunda semana do festival: Leila Maria mostra o repertório dos álbuns “Tempo” e “Holiday in Rio – Leila Maria canta Billie”, ambos lançados pela Biscoito Fino, com participação da cantora e compositora Fatima Guedes.

Depois do elogiado e premiado álbum “Leila Maria canta Billie Holiday in Rio” (melhor álbum em língua estrangeira no Prêmio da Música Brasileira de 2014), Leila Maria lançou seu projeto autoral e inédito, o álbum “Tempo”, um álbum que celebra o próprio tempo. O tempo de esperar, de criar, de plantar e de colher. Utiliza a tecnologia do nosso tempo a favor de algo que ultrapassa e cruza todos os tempos: nossa capacidade de fazer e nossa necessidade de ouvir - boa música.

“Na verdade, “Tempo” antecede o projeto em inglês. Rodrigo Braga (produtor e músico) e eu vínhamos trabalhando nele devagar, até que, inesperadamente, o querido amigo Pedro Lazera, me fez o convite para gravar as canções tornadas famosas por Billie. Não dava pra recusar um pedido dele, até porque o investimento foi muito grande e me possibilitou convidar um maravilhoso time de músicos”, conta Leila sobre a cronologia dos projetos.

Desde o seu álbum de estreia, de 1997, Leila não lançava um álbum como “Tempo”: “Mesmo meu primeiro CD, “Da Cabeça aos Pés”, não era 100% autoral: eram quatorze músicas, das quais sete eram minhas e as outras, regravações. Em “Tempo” mantenho a proporção e cinco são minhas (uma em parceria com o Rodrigo Braga) e as outras, à exceção da regravação de uma música de Sueli Costa, também são inéditas. Eu estava querendo e precisando cantar em português, minha língua querida e tão cheia de vogais” , completa.

Fátima Guedes tem 14 discos gravados como cantora e é autora de inúmeros clássicos da MPB, como “Onze Fitas”, gravada por Elis Regina, e “Flor de Ir Embora”, por Maria Bethânia, e de várias outras composições gravadas por Ney Mato Grosso, Zizi Possi, Leila Pinheiro e Nana Caymmi, entre outros.



29/03, sexta, 21h - Joyce Moreno convida Ana Martins 


Um encontro de duas gerações da MPB: a cantora, compositora e violonista Joyce Moreno, que em seus 50 anos de carreira vem colaborando para delinear e reforçar a assinatura da mulher brasileira na arte da composição, recebe como convidada sua filha Ana Martins.
Joyce lançou no ano passado pela Biscoito Fino o “50”, álbum que revisita o primeiro LP de sua carreira, chamado apenas de “Joyce”, e traz duas composições inéditas. Lançado em 1968, o ano que não só não terminou como teima em se reapresentar neste ano todo agitado e cheio de incertezas, este “50” é isso: Joyce Moreno revisitando Joyce, a morena, cinquenta anos depois. Uma autêntica representante da geração rebelde de 1968, Joyce, aos 70 anos regravou, canção a canção, o seu primeiro LP lançado aos 20 com músicas compostas por ela aos 18, 19, e outras cuidadosamente escolhidas, na época, feitas por amigos de vinte e poucos: Marcos Valle, Ruy Guerra, Paulinho da Viola, Jards Macalé, Caetano Veloso, Francis Hime, Toninho Horta, Ronaldo Bastos.
E compositora compulsiva, não se conteve e compôs ainda duas canções novas, “Com o Tempo”, com Zélia Duncan, e o samba-manifesto “Velha Maluca” onde revela o ponto de vista que criou “50” e faz com a letra uma genealogia de seu estilo: “A velha quando era moça/Queria ser diferente/Zombava dos pretendentes/Queria não se casar/Casou com a filosofia/Dormiu com a literatura/ Pra harmonia fez jura/E o resto eu não sei contar”.
Depois, e não menos importante, ela lança uma nova e inesperada luz sobre uma obra-prima – sim, aquele disco lançado pela Phillipsem 68, chamado apenas de “Joyce”, é uma obra-prima que passou despercebida pela história da música brasileira.
No repertório, “Bloco do Eu Sozinho”, marcha-rancho de Marcos Valle e Ruy Guerra, “Ansiedade”, de Paulinho da Viola, “Anoiteceu”, de Francis Hime e Vinicius de Moraes, “Ave Maria” em latim, de Caetano Veloso, e suas primeiras composições feministas como o samba-canção “Me Disseram”, “Não Muda Não”, e “Superego” e “Choro Chorado”, ambas em parceria com Macalé, entre outras.
Ana Martins, filha de Joyce, que ganhou da mãe homenagem na música num de seus maiores sucessos, “Clareana”, feito para ela e a irmã Clara Moreno e da qual fazem uma pequena participação, com três CDs lançados no Japão (o mais recente “Samba Sincopado” saiu no Brasil pela Biscoito Fino), tem participado de shows no projeto Joyce Moreno – Em Família que reúne, além da artista e do companheiro de sempre, o baterista Tutty Moreno, o neto Tom Andrade, percussionista e cantor já com forte presença em vários grupos da nova cena da música vocal do Rio de Janeiro.

30/03, sábado, 21h - Fabiana Cozza canta Bola De Nieve

 
A paulista Fabiana Cozza fecha com chave de ouro o Festival Biscoito Fino mostrando o repertório de “Ay Amor!”, disco originado do show "Canto Teatral para Bola de Nieve", com direção de Elias Andreato, em que interpreta o cancioneiro do cultuado pianista, cantor e compositor cubano Bola de Nieve. Fabiana dá voz à obra de um homem de alma feminina que falava das paixões impossíveis, trágicas e sem final feliz.
Nascido Ignacio Jacinto Villa Fernández (1911-1971), Bola de Nieve foi um dos maiores nomes da música cubana: discriminado em seu país por ser homossexual, reinou absoluto em países como México (onde viveu), Espanha e toda a América Latina.
Sexto CD de Fabiana Cozza, que tem ainda dois DVDs lançados em seus 20 anos de carreira, “Ay Amor!” registra a experiência de mergulhar no universo intenso do cubano, de quem sempre foi fã. “Esse projeto surgiu de um roteiro que o Elias Andreato escreveu há mais de 10 anos e que, em principio, teria um ator interpretando o Bola de Nieve no teatro. Por ironia do destino, fiquei sabendo desse roteiro por uma amiga atriz, convidada pelo Elias, que não se sentiu confortável em fazer o papel, já que teria que cantar bastante durante o espetáculo. Como ela sabia que eu era fã do cubano, comentou comigo”, relembra Fabiana. Quando o roteiro chegou a suas mãos, a cantora paulistana não teve dúvidas: escreveu para Andreato, se oferecendo para o papel. “Quando li o roteiro eu me vi ali, mesmo não sendo uma atriz de formação. Nas conversas com o Elias, me lembrei de Pepe Cisneros, pianista cubano, para dividir comigo a cena e logo começamos a ensaiar”, conta.
“Bola de Nieve era extremamente teatral e para representá-lo, ninguém mais apropriado que Fabiana Cozza, uma cantora com formação teatral e uma intérprete absoluta, que percorre todos os gêneros musicais, senhora de uma musicalidade inigualável. Cozza é uma artista comprometida com suas raízes e conhecedora da importância da cultura africana na história da música mundial”, pontua Elias Andreato.
No repertório estão “Canción de La Barca” (Ignacio Villa), “No me Comprendes” (Ignacio Villa), “No Me Platiques” (Vicente Garrido), “Vete de Mi” (Virgilio Exposito/Homero Exposito), “Alma Mia” (María Grever), “No Quiero que Me Odies” (Ignacio Villa), “Babalú” (Margarita Lecuona), “Ay, Amor” (Ignacio Villa), “La Vieen Rose” (Louiguy/Edith Piaf) e “Drume Negrita” (Ernesto Grenet), entre outros clássicos. 



Nenhum comentário