[News] Caixa de Memórias - Criolo canta Nélson Gonçalves, um registro centenário

2019 é o ano do centenário de nascimento de Nélson Gonçalves e para celebrar sua trajetória e memória artística, Criolo fará um show com repertório especial. Nos dias 18, 19 e 20 de julho, o cantor paulistano se apresenta no SESC Pinheiros.
Este show propõe um registro histórico dos 100 anos de nascimento de Nélson Gonçalves, um dos grandes responsáveis por estabelecer uma identidade estética às canções transmitidas pelo meio de comunicação de maior abrangência nacional principalmente nas décadas de 1930 a 1950.
O cantor, compositor e MC Criolo, um dos principais nomes no rap e da MPB atualmente, visita um repertório que se tornou clássico pela voz de Nélson Gonçalves. Canções como, A Volta do Boêmio (Adelino Moreira), Naquela Mesa (Sérgio Bittencourt), As Pastorinhas (Noel Rosa e João de Barro), Fita Amarela (Noel Rosa) e Na Cadência do Samba (Paulo Gesta e Ataulfo Alves), entre outras, fazem parte desse show.
Criolo é acompanhado de Meno Del Picchia (baixo acústico e elétrico), Bruno Buarque (bateria), João Erbetha (violão e guitarra), Fábio Pinczowski (teclado e piano) e Will Gomes (sax, flauta e trombone). O show é idealizapo por Duda Vieira e conta com direção musical de Regis Damasceno.
“O Rei do Rádio”, assim é considerado Antônio Gonçalves Sobral, eternizado sob alcunha de Nélson Gonçalves, que nasceu em Santana do Livramento/ RS, em 21 de junho de 1919. De origem muito humilde, mudou-se com família para São Paulo, onde, ainda criança, cantando ao lado do pai em feiras populares, teve seu primeiro contato com a experiência artística.
Com timbre único e extensão extraordinária, foi a mais bela voz masculina brasileira, segundo o pesquisador João Severiano, autor do livro “Uma história da Música Popular Brasileira”.  Cantando para seis gerações, Nélson Gonçalves entrou, saiu e voltou à moda. Sua obra, baseada no erotismo, nas tragédias amorosas e na dor de cotovelo, multiplica-se em samba-canções, marchinhas de carnaval, foxes, tangos, boleros, valsas, serestas, jazz e bossa nova.
Foram mais de 2 mil registros fonográficos, em 183 álbuns de 78 rotações, 100 compactos, 200 fitas cassete e 127 LP’s.  A relação direta estabelecida com o público se confirma nos mais de 80 milhões de discos vendidos, segunda maior marca do país, ficando atrás, apenas, de Roberto Carlos.          
Internacionalmente, recebeu o prêmio NIPPER da gravadora RCA, honoraria concedida somente a ele e ao cantor americano Elvis Presley, além de receber elogios marcantes de Frank Sinatra, em apresentação no Radio City Music Hall, em 1961. 
Oriundo deste universo, e imerso no cotidiano que o rádio e as canções de Nélson traziam à sua convivência familiar, o cantor Criolo aponta este veículo como a mais relevante referência para sua formação musical, influenciando em sua maneira de cantar e interpretar sentimentos; “O radio pra mim ainda é a maior força de todas, com esse jeito de comunicar e apresentar canções pras pessoas, tem e sempre terá esse lugar no coração. O que minha mãe escuta, o que meu pai escuta, foram as minhas maiores referências, que é aquele radinho AM que sintonizava poucas estações”.
Na visão do rapper, este contato representa a rotina, o dia a dia, e a própria vida;  “Pra mim existe uma relação muito forte, porque meu pai despertava as 4h da manhã, e, ao som do radinho, acordava todo mundo pra não ficar sozinho, enquanto lavava o rosto para ir ao trabalho, era o único momento que tinha na convivência com os filhos.”
Criolo, em sua obra, já provou com muita competência ser intensamente identificado com o ambiente melancólico de Nelson Gonçalves. Principalmente quando se instiga em influências do cancioneiro popular, a exemplo de “Freguês da Meia Noite”, destaque do álbum “Nó Na Orelha” (2011), gravada, posteriormente, por Ney Matogrosso; “Meia noite, em pleno largo do Arouche, em frente ao Mercado das Flores, ha um restaurante francês, e lá, te esperei / Meia noite, num frio que é o açoite, a confeiteira e seus doces, sempre vem oferecer, furta-cor de prazer”, versa o cantor e compositor.
O artista paulistano, nascido e criado no Grajaú, destaca-se, hoje, como um dos nomes contemporâneos com maior habilidade para traduzir o sentimento popular daquele tempo, em performances de palco acachapantes. Seu sentir é muito mais de ser do que interpretar, ele é o que está sendo apresentado ao vivo, não precisa vestir-se sob uma pele que não habita em seu cotidiano. 
Por ser um fã fervoroso do artista Nelson Gonçalves, desde sempre sonhou em elaborar um show baseado na obra do “Rei do Rádio”. Será seu primeiro concerto montado, exclusivamente, sob esta vertente, baseando-se sempre nos arranjos clássicos, dando sua contribuição para o resgate e manutenção da memória da história do nosso país. Para tanto, foram selecionadas quinze canções marcantes, sob a direção musical de Regis Damasceno, conceituado produtor, e grande conhecedor da obra do mestre, além de músicos tarimbados da nova geração.  

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