[Crítica] Mademoiselle Paradis


Resultado de imagem para mademoiselle paradis



Sinopse: No século 18, em Viena, uma pianista cega desde criança cria um relacionamento intenso com a pessoa que está tentando fazê-la recuperar a visão. Essa relação, todavia, tem grandes consequência na vida dela. 



O que eu achei? 
         Maria Theresia Paradis era uma talentosa pianista de dezoito ano. O que torna sua história singular, entretanto, é fato da mesma ser cega desde criança e que ela vivia na Viena do século  XVIII, em meio à sociedade burguesa e aristocrática do Rococó. Mademoiselle Paradis, adaptação do romance “Mesmerized” de Alissa Walser, nos leva a essa já perdida Viena, onde uma frágil Maria Theresia se submete ao tratamento do controverso médico Franz Anton Mesmer, na esperança de recuperar sua visão. Sua cura, porém, tem um caro preço: aos poucos, ela perde suas habilidades no piano.
       A diretora, Barbara Albert, responsável pelos filmes Fallen (2006) e Os Mortos e os Vivos (2012), nos entrega uma direção correta, porém pouco inspirada. Há pouquíssimos momentos em que podemos nos colocar, de fato, no lugar de Maria Theresia, uma personagem tão frágil e, ao mesmo tempo, fascinante.  Dentre esses momentos, posso citar as vezes em que podemos ver através dos olhos em recuperação de Maria: imagens embaçadas, confusas, entretanto muito delicadas. Maria vê o mundo como um recém-nascido, apenas através de curtos vislumbres de beleza.
       O roteiro também deixa muito a desejar. A relação entre Maria e a criada Agnes, por exemplo, poderia ser mais bem explorada, mas os roteiristas preferem deixar esta história de lado em prol da relação Maria-Mesmer, que não me parece tão atrativa assim, porque muitas das cenas entre os dois me parecem repetitivas. A própria história de Agnes é mal explicada, mesmo tratando-se de um tema polêmico e que poderia agregar situações interessantes a história.
     O que segura, de fato, o filme é a atuação de Maria Dragus como Maria Theresia Paradis. A jovem atriz, descoberta em A Fita Branca, de Michael Haneke, nos entrega uma interpretação natural e magnética da pianista cega. Maria cria um elo entre nós e Maria Theresia, fazendo com que imediatamente nos identifiquemos com sua personagem. Ao lado dela, sofremos ao perceber que, mesmo feliz e curada ao lado de Mesmer, sem sua música, Maria Theresia não é nada. A tormenta de sua personagem está perfeitamente traduzida em seus gestos, expressões faciais e no modo como diz suas falas.
    Segundo as palavras da própria diretora: “Mademoiselle Paradis é sobre o que e como vemos e se devemos confiar no que vemos.”. Maria Theresia não enxerga as deformidades do mundo, mas ela se sente uma delas. Ao final do filme, nos questionamos se o que vale mais é o ver ou o sentir. E somos deixamos com a impressão de que a segunda opção é, muitas das vezes, a mais sensata.


                                Trailer:

    Escrito por Maria Júlia Paiva

Nenhum comentário