[Resenha] Kobane Calling

Sinopse:
Viajando como enviado de um jornal italiano, o quadrinista Zerocalcare atravessa os confins da Turquia, do Iraque e do Curdistão Sírio para chegar à cidade de Kobani ao encontro do exército de mulheres curdas, que luta contra o avanço do Estado Islâmico. A partir dessa viagem, Zerocalcare produz uma reportagem de sinceridade pungente, um testemunho indispensável e perturbador que transmite a complexidade e as contradições de uma guerra muitas vezes simplificada pela mídia internacional e pelos discursos políticos. Tudo isso com um tom inimitável, extremamente bem-humorado e ao mesmo tempo tocante – a linguagem e o universo de um autor que sabe como ninguém representar as pessoas, o cotidiano, os medos e as aspirações de sua geração. Blogueiro e autor de quadrinhos com viés autobiográfico, Zerocalcare é um fenômeno editorial de um sucesso sem precedentes na história dos quadrinhos italianos, pronto para conquistar o mundo.

O que eu achei?
Já posso dizer de cara, eu AMEI essa HQ. Kobane Calling já pode se colocada na lista de melhores coisas que já li na minha vida. É uma abordagem crua, bonita e principalmente humana sobre a vida. Zerocalcare fez um trabalho incrível e que todos deveriam ler.
Quando comecei a ler não sabia o que me aguardava e nem ao menos sobre o que era a história. Tirando que pelo subtítulo dar se a entender o que podemos esperar.

O que mais me chamou a atenção foi o ótimo traço dos desenhos, uma mistura de cartunesco com altos detalhes, principalmente em momentos mais violentos como atentados e mortes. Essas cenas são extraordinariamente bem desenhadas.
É uma história triste e violenta que em vários momentos é preciso parar, respirar fundo e continuar a leitura. Se você já assistiu ao filmes “Capacetes brancos “ ou “Valsa com Bashir” sabe como a situação política desses países é complicada. Não sabemos nem a metade dos conflitos que acontecem. As notícias que chegam em nosso telejornais, normalmente são os grandes casos e com elas já estereotipamos um país inteiro e seu povo. Um exemplo é sobre os atentados de 11 de Setembro. Após o ataque terrorista rolou uma caça às bruxas aos iraquianos.

As opiniões políticas do autor estão presentes na narrativa de forma clara. Logo no início você já é capaz de identificar qual lado ele defende. Apesar de ser um assunto às vezes maçante é importante compreender as ideologias dos movimentos para entender melhor o ambiente social e mental dos personagens que vivem em uma sociedade muito diferente da nossa.
A obra traz ótimos personagens muito bem construídos. São tão bem construídos que eu temia pela vida deles, como se fossem pessoas reais. Descobri depois que alguns tem histórias biográficas do autor. É uma jornada de conhecimento histórico e humano que mesmo depois de lido fica na nossa mente. Precisei ver desenhos animados para poder digerir o final e sair um pouco desse universo. Apesar da temática pesada também tem momentos líricos e cômicos em várias ocasiões eu ri do pensamento do personagem.

É um trabalho único, que mesmo quem não está antenado sobre os acontecimentos da guerra na Síria vai entender. O tema é explicado de forma simples e ajuda a conhecer mais sobre os conflitos. A sensação que ficou após a leitura foi de que valeu cada centavo e minuto investido.
A edição que a Nemo lançou no Brasil também vale outro elogio. O tamanho grande das páginas ajuda ainda mais a ler e admirar a incrível arte da HQ. Tem um acabamento fantástico pensado especialmente para colecionadores.

Não comentei muito sobre a história por que acredito que para uma melhor experiência é preciso ir cru, como eu fui sem saber nada.Assim você começa a jornada junto com os personagens e também evita dogmas e preconceitos e apenas acompanha um povo lutando por sua liberdade.

Escrito por João Paulo Santiago

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