[Crítica] Mudbound

Sinopse:Durante a Segunda Guerra Mundial, duas famílias (uma branca e uma negra) enfrentam a bárbara hierarquia social e compartilham terras numa fazenda no Delta do Mississippi. De um lado está a família McAllan, recém-chegada da tranquila cidade de Memphis e  despreparada para as exigências do campo. Apesar dos grandiosos sonhos de Henry, sua esposa Laura luta para manterá a fé no empreendimento perdedor do marido. De outro lado, Hap e Florence Jackson, que trabalham na agricultura por gerações, lutam para construir um pequeno sonho, mesmo com as rígidas barreiras sociais que enfrentam. Com o fim da guerra, Jamie McAllan e Ronsel Jackson retornam para suas famílias e criam uma amizade incômoda que desafia a realidade brutal das Leis de Jim Crow.
O que eu achei?
Quando se vai assistir a um filme com indicações a premiações de Oscar a expectativa é sempre grande. Mas, como faria a crítica do filme, ignorei as indicações e fui à sessão de imprensa como se fosse um filme como qualquer outro. E que filme impressionante! Uma interessante história que mantém a atenção do espectador do início ao fim. Não é à toa que recebeu quatro indicações ao Oscar desse ano!

Baseado no livro de mesmo nome, da autora Hillary Jordan, “Mudbound – Lágrimas sobre o Mississippi” conta a história de duas famílias (uma branca e outra negra) que vivem na zona rural durante a Segunda Guerra Mundial e mostra o irritante preconceito racial da época. Henry McAllan (Jason Clarke) compra uma fazenda no Delta do Mississipi e se muda com sua esposa Laura McAllan (Carey Mulligan), acostumada à vida na cidade. Mesmo infeliz, a mulher se esforça ao máximo para criar suas filhas. Além de todas as dificuldades que o campo apresenta, ela ainda tem que aturar o preconceituoso e chato pai de Henry, Pappy (Jonathan Banks), que vai morar com eles. Lá eles dividem terras com a batalhadora e sonhadora família negra composta por Hap Jackson (Rob Morgan), Florence Jackson (Mary J. Blige) e seus filhos. Os Jacksons passam a trabalhar para os McAllan, pelo fato de negros terem que trabalhar para brancos (“cultura” da época). Além de trabalharem na agricultura, Hap ajuda Henry em serviços de grandes esforços manuais, e Florence ajuda Laura a cuidar das crianças. As coisas começam a mudar quando Jamie (Garrett Hedlund), irmão de Henry, volta da guerra e cria uma boa relação com os negros, principalmente com Ronsel (Jason Mitchell), filho de Hap e Florence, que também volta da guerra.

Não me lembro de ter assistido a um filme com um elenco de tamanha excelência como esse. Impossível escolher o melhor ator! A escolha dos atores foi perfeita, assim como a direção, feitas com uma qualidade extraordinária pela diretora e roteirista Dee Rees.

Algo que gostei muito foi que “Mudbound” (o filme) aproveita brilhantemente o estilo de narrativa do livro. Cada personagem narra seu ponto de vista em determinados acontecimentos. Somando-se a isso, a trilha sonora ajuda a prender a atenção do público.

Além disso, a riqueza dos detalhes da época e do local onde a narrativa se passa é perfeita. Doenças, gravidez com sucesso e gravidez sem sucesso, traição de marido, briga entre familiares, ataque japonês aos EUA (entrada do país na Segunda Guerra Mundial), 761º Batalhão de Tanques (Panteras Negras) ajudando a ganhar a guerra, morte de Hitler (final da guerra) e o principal: a relação entre brancos e negros, focando no insuportável preconceito racial. Os acontecimentos são tão bem demonstrados que o espectador consegue se sentir no lugar dos negros e ter raiva de tanto preconceito! Até o movimento Ku Klux Klan aparece no filme.

Para o Oscar 2018, o filme foi indicado nas seguintes categorias: melhor roteiro adaptado; melhor atriz coadjuvante (Mary J. Blige); melhor fotografia (Rachel Morrison – primeira mulher a receber tal indicação); e melhor canção original (“Mighty River”). E se eu pudesse acrescentar, indicaria também a melhor filme, além de outros! Já dá pra imaginar que o filme é bom demais, não é? Vou assistir à cerimônia de premiações torcendo por “Mudbound” nas quatro categorias!

Além das indicações, o filme já ganhou quatro prêmios: Satellite Award de melhor elenco; Prêmio Independent Spirit Robert Altman (melhor filme de produção independente); New York Film Critics Circle Award de melhor fotografia (Rachel Morrison); e Gotham Special Jury Award for Ensemble Performance (prêmio da crítica por melhor elenco).

O ano de 2018 já começou bem. Primeira sessão de imprensa que vou, e começo logo com um filme sensacional como esse. “Mudbound” vai ser minha “base” esse ano de um filme perfeito. Os próximos filmes que se preparem para as críticas! Hehehe!

Data de estreia no Brasil: 15 de fevereiro de 2018.

Trailer:

Por Victor Monteiro

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