[Livros]“Revivi cada dor e cada amor”: Marcelo Reis fala sobre a experiência intensa de narrar o próprio livro ‘Rascunhos de Amores Imaginários’

“Revivi cada dor e cada amor”: Marcelo Reis fala sobre a experiência intensa de narrar o próprio livro ‘Rascunhos de Amores Imaginários’

Quarto livro de poemas do escritor une realidade e fantasia em 17 textos sobre diferentes formas e intensidades do amor, com prefácio de Mia Montenegro e produção musical de Clower Curtis.

Foto: Divulgação

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Com uma escrita visceral que transita entre a realidade e a imaginação, o escritor e poeta Marcelo Reis celebra o sucesso de seu quarto livro, Rascunhos de Amores Imaginários. A obra, que estreou no topo da categoria Poesias da Amazon, ganha agora uma nova dimensão com o lançamento da versão em audiolivro, em uma interpretação íntima narrada pelo próprio autor.

O projeto, que reúne 17 textos sobre as diversas formas e intensidades do amor, transforma-se em uma experiência sensorial e confessional. Com direção sonora de Clower Curtis e prefácio da escritora Mia Montenegro, o audiolivro promete aprofundar a conexão entre o poeta e seu público. Em entrevista exclusiva ao Reino Literário, Marcelo Reis fala sobre o processo de dar voz aos seus versos, a mistura entre o real e o ficcional, e a jornada de transformação através da arte.

O poeta como intérprete

A decisão de narrar a própria obra não foi um mero acaso, mas um passo calculado para aproximar o ouvinte da essência de cada poema. Para Marcelo, a voz é uma extensão de sua arte, e emprestá-la ao projeto foi uma forma de materializar a intimidade de seus escritos. "Sempre recebo elogios sobre a minha voz e isso serviu de incentivo. Já fiz algumas narrações, locuções e campanhas. Vi uma oportunidade de expandir os horizontes e apresentar ao público um pouco mais de mim, tornando a experiência do Audiobook algo mais real", revela.

Revisitar cada verso, no entanto, foi um mergulho profundo em memórias e sentimentos. O processo de gravação exigiu mais do que técnica; demandou reviver cada emoção impressa no papel. "O processo pessoal foi ao mesmo tempo realizador e doloroso, porque tive que ‘viver’ novamente cada poema. Estive em contato com os diversos sentimentos, que cada um deles propicia: a escuridão de ‘O AMOR MORREU’, o divertimento de ‘PAR E ÍMPAR’, a reflexão de ‘AMOR IMAGINÁRIO’, mas ao encerrar a narração me vi mais leve, mais sábio e com uma fotografia mais madura de mim mesmo."

Entre o real e o imaginário

Rascunhos de Amores Imaginários navega por afetos reais, paixões inventadas e dores que deixaram cicatrizes. Essa fluidez entre o que foi vivido e o que foi criado é a matéria-prima do livro. Marcelo explica que não há uma fronteira rígida entre autobiografia e ficção, mas uma fusão de experiências. "Na obra existem, claro, poemas autobiográficos, que traduzem a minha felicidade e minhas dores nos caminhos do amor. Outros foram inspirados por histórias e situações de terceiros - a observação do mundo ao redor. A estas duas partes misturei uma pitada de ficção. Não há exatamente um equilíbrio. Tudo isso se tornou um conjunto de sentimentos e vivências que traduzem os diferentes tipos de amor."

Parcerias que potencializam a arte

O projeto é enriquecido por duas colaborações fundamentais. No texto de abertura, a escritora Mia Montenegro oferece um olhar externo que capturou a alma da obra. Marcelo celebra a sensibilidade da colega: "Fui ‘lido’ por ela de uma forma brilhante, um olhar que traduziu exatamente o que eu esperava de um prefácio: verdade, sentimento e um profundo conhecimento sobre a temática que o livro aborda."

Na dimensão sonora, a direção de Clower Curtis foi crucial para criar a atmosfera do audiolivro. A parceria, segundo o poeta, foi uma sintonia fina entre verso e melodia, palavra e emoção. "Ele foi capaz de mergulhar no meu Universo, sentir cada poesia e extrair o melhor de mim na interpretação. Propiciou o casamento perfeito da minha voz com cada poema, o que sonoramente se traduziu numa obra que carrega fortes emoções", destaca.

O Amor que Transforma

Ao percorrer as páginas – ou faixas – do livro, o leitor viaja por amores juvenis, paixões avassaladoras e despedidas dolorosas. Questionado sobre qual desses amores mais o impactou, Marcelo reflete sobre a jornada como um todo, vendo em cada experiência uma peça essencial para o amadurecimento. "Cada amor que passa em nossa vida causa uma transformação e eu vivi isso bem à flor da pele. [...] Acredito que o encontro com o amor verdadeiro vem com o amadurecimento. Falo exatamente sobre isso no poema O AMOR QUE ENVELHECE, que não à toa fecha o livro."

Com o sucesso da versão impressa, a expectativa para o audiolivro é alta. Para o autor, o reconhecimento é a prova de que sua arte encontrou eco nos leitores. "É muito bom ver o fruto do seu trabalho chegando às pessoas e tocando-as de alguma forma. Quando faço um livro e o entrego ao mundo, ele deixa de ser algo só meu para entrar no imaginário e nos sentimentos de cada um", afirma. Com a narração, ele espera que essa conexão se torne ainda mais profunda: "O fato de eu mesmo ter feito a narração permitirá uma conexão ainda maior com os leitores."

Sobre o Autor

Marcelo Reis é escritor, poeta e pesquisador de mundos alternativos, lendas ocultas e histórias fantásticas. Apaixonado por quadrinhos, distopias e narrativas de ficção, combina realidade e fantasia para provocar reflexões sobre os limites entre ambas.

Sua escrita dialoga com o Surrealismo, explorando as tensões entre o belo e o terrível que permeiam a vida. Em sua trajetória, já publicou poesias, contos e crônicas que transitam entre o íntimo e o universal.

“Rascunhos de Amores Imaginários” é seu quarto livro de poemas — e talvez o mais visceral, por trazer à tona memórias, desejos e invenções que se confundem e se completam.