[Resenha] Amityville

Depois de passar algumas décadas fechada, a propriedade no número 112 da Ocean Avenue no subúrbio de Nova York finalmente abre as portas para os leitores da DarkSide® Books. Cercada pela natureza, com janelas amplas e uma sacada espaçosa, ela poderia ser uma casa de bairro tranquila como todas as outras, não fosse seu passado devastador e sangrento. Em 1975, George e Kathleen Lutz resolveram recomeçar a vida em uma nova residência que compraram por uma pechincha. Vinte e oito dias depois, os cinco membros da família fugiram aterrorizados, deixando a maior parte de seus pertences para trás. Estranhos eventos começaram a acontecer, afetando a vida dos Lutz e indicando que uma presença maligna habitava a casa. Embora tenha sido amplamente divulgada pela mídia, em especial nos jornais e nas revistas da época, muitas vezes de maneira sensacionalista, a história da casa nunca havia sido contada com riqueza de detalhes — até Jay Anson decidir reconstruí-la e transformar seu livro de não-ficção em um dos relatos paranormais mais importantes e conhecidos de todos os tempos. 

O que eu achei?
A família Lutz se muda para uma casa no numero 112 da Ocean Avenue, Amityville – aparentemente a casa dos sonhos de qualquer pessoa. Contudo, segredos sombrios e forças opressoras habitam lá há muito mais tempos do que se possa imaginar.
Jay Anson traz a lume a historia da família Lutz, recém instalda na casa que fora palco da chacina da família DeFeo, onde Ronald DeFeo assassinou seus pais e irmão durante uma madrugada, a tiros. O mais confuso é que ninguém – dentro nem fora da casa – ouviu quando Ronnie disparou seu rifle contra cada um de sua família. Dentro de casa, todos estavam dormindo, e ninguém acordou. Os vizinhos nada ouviram. Ronald disse que vozes o mandaram fazer isso... A família Lutz se muda e de imediato liga para um padre para que este possa abençoar a nova casa. O padre Frank Mancuso foi até a casa, mas sua presença não era bem-vinda. Não para as forças que lá habitavam. A partir daquele momento, os vinte e oito dias em que os Lutz viveram naquela casa foram de puro terror, medo e sofrimento. Para eles e para o padre Mancuso. Apesar de eu adorar o remake da adaptação desta história, o livro não me agradou tanto (sim, eu sei que filme e livro são bem diferentes, mas tive mais medo do filme que do livro). Algo na escrita de Jay Anson não me fez sentir o calafrio na espinha ou a ansiedade que o gênero deve nos fazer experimentar (apesar desse ser apenas o segundo do gênero que leio). A escrita não é de todo ruim, consegue ser envolvente e fluida, mas deixa a desejar na profundidade e no mistério envolvendo as forças malignas presentes na casa. Em alguns momentos era mais como se estivesse, de forma desinteressada, nos contado sobre os acontecimentos, e nada mais. Na história temos o padre Mancuso, que se vê em luta contra seu consciente e dever quanto religioso. Apos sua primeira visita a casa do Lutz, coisas ruins começaram a afeta-lo, o que o deixou apavorado. Mas ele, como padre que é, deve negar ajuda a quem precisa tanto quanto os Lutz? Ele deve proteger sua própria vida antes de tentar ajudar o próximo? Seria ele capaz de ajudá-los? A família Lutz (Gerge e Kathy, e seus filhos Missy, Chris e Danny) se vê atormentada fisica e psicologicamente por tais forças que habitam a casa. Objetos se movimentando, marcas no corpo e rosto de Kathy surgem e somem, mudanças de humor e temperamento, um sem número de mudanças em tudo e em todos fazem com que a vida deles se tornem uma tortura quase que diária. Contudo, nesse ponto eu senti que o livro não cumpriu com seu dever. Se o autor fosse um pouco mais minucioso e sombrio nas descrições dos acontecimentos – que por si só já são aterrorizantes –, a história teria me impactado muito mais.
Para mim, o que ficou marcado mais profundamente foi o questionamento que a história traz para aqueles que acreditam no sobrenatural. Quanto sabemos sobre as forças que regem o mundo ao nosso redor? O que sabemos sobre o bem e o mal? Estamos nós no meio da eterna batalha entre os seres de luz e os de sombras? Ao fim do livro, no “Epílogo”, temos um texto muito interessante onde, após investigadores psíquicos (incluindo o famoso casal Ed e Lorraine Warren) fazerem uma sessão e passarem uma noite na casa em Amityville, dão explicações para cada um dos acontecimentos da casa e seus possíveis motivos – além das descobertas do passado da propriedade que George encontra quando decide pesquisar por conta própria. A história nos mostra que não apenas as forças perturbam a paz e atormentam aqueles que vivem ali, mas os mantem presos no local, drenando-lhe as forças pouco a pouco. A casa parece ter vida, e apesar de alguns pontos fracos na narração dos acontecimentos, a ansiedade as vezes surge com pequenos detalhes. Aliás, esses pequenos detalhes são os piores, no meu ponto de vista. Não nada mais assustador de que, do nada, um leão de cerâmica se mover sozinho sobre a prateleira.
A edição da DarkSide está linda (o que não é nenhuma novidade), com artes de capa e contracapa perfeitas, utilizando um pouco do design do terror dos anos 90, e o gore do sangue. O miolo possui algumas folhas pretas antes e depois da parte textual do livro que dão um charme a mais. E a diagramação é perfeita! (Sim, este é o primeiro livro da DarkSide que leio e, sim, estou empolgado com ele). No geral, o livro é um relato e uma documentação bastante interessante acerca do sobrenatural atuando diretamente na vida das pessoas comuns, das formas mais variadas, e, aparentemente, sem motivos. O que eu posso dizer além disso é: cuidado com a próxima casa que você for comprar.


7 comentários:

  1. Se essa história é verdadeira ou não,não tem como saber...Mas é aterrorizante imaginar que a família Lutz passou por isso tudo.

    Achei uma pena que o autor não tenha conseguido causar arrepios na leitura. Seria bem mais interessante! :)

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    1. Pois é... díficil saber no que acreditar de verdade.
      E foi mesmo uma pena, pois essa história tinha tudo para ser ótima (para mim), mas esss escrita em forma de relato não me agradou.

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  2. Irlan!
    Não li essa adaptação ainda, mas bem gostaria, porque acho intrigante quando os livros são baseados em acontecimentos reais.
    E claro que todos os questionamentos que devemos mesmo fazer sobre o sobrenatural, afinal, muitas pessoas são bem céticas em relação a isso, oq ue não é o meu caso...
    Desejo um mês repleto de realizações e uma semana de luz e paz!
    “ Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos.” (Maquiavel)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP COMENTARISTA ABRIL especial de aniversário, serão 6 ganhadores, não fique de fora!

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    1. Oi, Rudynalva. Eu ADORO essas histórias baseadas em fatos reais que envolvem o sobrenatural. São as minhas favoritas. E estou contigo: não faço parte dos céticos :3
      Um ótimo mês pra ti também

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  3. Oi Irlan!
    Depois de ler sua resenha fiquei bastante decepcionada com o livro. Eu esperava um terror mais macabro e relatos de causarem frio na espinha e noites em claro mas parece que a escrita de Jay Anson não consegue causar causar esse tipo de reação. Mas o epílogo me deixou super curiosa principalmente para saber a opinião do casal Ed e Lorraine Warren sobre os fenômenos vividos na casa.
    Abraços!

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    1. Exatamente o que eu esperava, também. Acho que, por eu adorar o remake do filme, esperei muito desse livro. O epílogo é muito interessante, enriquece muito a leitura. O livro não é de todo ruim, mas poderia ter sido melhor

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  4. Oi Irlan
    Realmente parece que o remake do filme é mais horripilante que o livro. Quando assisti fiquei apavorada e achei que realmente é uma temática bem complexa.
    Beijos

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