[Crítica] A Meia-Irmã Feia

 


O filme A Meia-Irmã Feia é um body horror com o lançamento nacional para o dia 23/10, um ótimo filme para assistir nas grandes telas nesse mês de Halloween. Sua origem é norueguesa e no filme são utilizadas as línguas norueguês e inglês durante sua duração de 1h e 45 minutos.

Misturando o conto de fadas Cinderela, na visão da meia-irmã, o longa recorre ao macabro, assim como nos contos dos irmãos Grimm para ilustrar a história.


Num país fantasia, chamado Swedlandia na era vitoriana, a família de Elvira (Lea Myren), nossa protagonista, chega nas terras do pai de Agnes (Thea Sofie Loch Naess), nossa Cinderela, para oficializar o casamento entre as famílias. No entanto, durante o jantar de comemoração, o pai acaba sofrendo um mal súbito e morre na frente de todos. A mãe de Elvira, Rebekka (Ane Dahl Torp) se casou na família para ascender socialmente e pelo dinheiro, mas descobre com a morte do marido que ele tinha o mesmo pensamento, logo estão falidos. Elvira é uma mulher romântica, que sonha em se casar com o príncipe e se perde em suas ilusões, então logo sugere à sua mãe que poderia chamar a atenção do príncipe, casar com ele e assim pagar as dívidas. A oportunidade surgiria, pois Agnes e ela tinham sido convidadas ao baile que iria ocorrer em breve. Daquele momento em diante, começa na vida da Elvira uma grande mudança de fora para dentro para alcançar seus objetivos.



Contém spoilers:

A película europeia apresenta diversos momentos de horror corporal a partir da morte do pai de Agnes que, por falta de dinheiro para o enterro, fica às moscas num quarto isolado. Elvira ao tentar mudar sua aparência sem graça e sem destaque, começa a sentir inveja de Agnes por sua beleza natural, enquanto a mesma é desprezada por todos à sua volta, a meia-irmã bonita chama a atenção pelos modos e delicadeza. Após um certo acontecimento, Agnes passa a ser desprezada e vira Cinderela, a gata borralheira. Elvira chama atenção devido as mudanças, mas deseja mais, depois de quebrar seu nariz e engolir um ovo de tênia, coloca cílios postiços para finalizar seus preparativos para o baile e assim pensa que irá gerar interesse no príncipe, estando bela durante a dança que as solteiras convidadas prepararam para o monarca, e Elvira sendo a protagonista dessa dança.


Durante a obra, observamos a pressão da sociedade sobre a aparência das mulheres. Elvira era uma mulher romântica e sonhadora, mas devido às circunstâncias em que se encontrava e suas ilusões, passou a ser uma mulher ressentida, amarga, invejosa e insaciável por atenção, acreditando que teria uma recompensa a esses sonhos, não se importou com o que teria que desistir e fazer para assim o alcançar. Rebekka, mãe da protagonista, é uma mulher hipócrita, que julgou as ações de Agnes, mas fez e faz muito pior em qualquer oportunidade, pior, ainda julga a filha e a ignora, por isso Elvira pode ter criado essa obsessão por atenção, por não receber durante sua infância e agora tem a oportunidade de ocupar esse buraco de outro jeito.



A relação de Elvira com essa nova obsessão é doentia e infelizmente reflete bastante a sociedade atualmente, sendo o principal ponto do filme, "nada mais importa, a beleza é justiça". As cenas de nudez, na minha opinião, foram necessárias e equilibradas e com certeza a última parte do longa é a mais grotesca que já vi dentre os vários filmes que já vi na minha vida e vai traumatizar, mas não sinto pena de Elvira, pois mesmo estando sob pressão, escolhendo fazer as intervenções estéticas macabras por um objetivo, ela foi cruel com Agnes que tinha acabado de passar pela morte do pai e por isso acredito que seu final foi propenso a suas escolhas e ela terá que conviver com isso.


Escrito por Ana Carolina Mendes Pi

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