[Resenha] As Sobreviventes


Sinopse: “Ela corria por instinto. Um alerta inconsciente de que precisava continuar, independentemente do que acontecesse. ” Há dez anos, a estudante universitária Quincy Carpenter viajou com seus melhores amigos e retornou sozinha, foi a única sobrevivente de um crime terrível. Num piscar de olhos, ela se viu pertencendo a um grupo do qual ninguém quer fazer parte: um grupo de garotas sobreviventes com histórias similares. Lisa, que perdeu nove amigas esfaqueadas na universidade; Sam, que enfrentou um assassino no hotel onde trabalhava; e agora Quincy, que correu sangrando pelos bosques para escapar do homem a que ela se refere apenas como Ele. As três jovens se esforçam para afastar seus pesadelos, e, com isso, permanecem longe uma da outra; apesar das tentativas da mídia, elas nunca se encontraram. Um bloqueio na memória de Quincy não permite que ela se lembre dos acontecimentos daquela noite, e por causa disso a jovem seguiu em frente: é uma blogueira culinária de sucesso, tem um namorado amoroso e mantém uma forte amizade com Coop, o policial que salvou sua vida naquela noite. Até que um dia, Lisa, a primeira sobrevivente, é encontrada morta na banheira de sua casa com os pulsos cortados; e Sam, a outra garota, surge na porta de Quincy determinada a fazê-la reviver o passado, o que provocará consequências cada vez mais assustadoras. O que Sam realmente procura na história de vida de Quincy? Quando novos detalhes sobre a morte de Lisa vem à tona, Quincy percebe que precisa se lembrar do que aconteceu naquela noite traumática se quiser as respostas para as verdades e mentiras de Sam, esquivar-se da polícia e dos repórteres insaciáveis. Mas recuperar a memória pode revelar muito mais do que ela gostaria.
O que eu achei?
Remetendo aos suspense anos 90, com cabanas no meio do mato, policiais sempre dispostos a ajudar - além do famoso Policial Bom/Policial Mal -, o thriller As Sobreviventes, de Riley Sager, lançado pela Editora Gutenberg é um suspense surpreendente.

Quincy Carpenter é a única sobrevivento de uma chacina no Chalé Pine que matou seus amigos, graças ao policial Coop, seu fiel amigo. Lisa e Samanta também são sobreviventes de chacinas, cada uma em uma época e de maneiras diferentes. Elas foram chamadas de Garotas Remanescentes. Quincy tenta seguir sua vida a diante, tentando superar o passado - que ela mal lembra. Até que a morte de Lisa e o surgimento de Samanta rm sua vida abalam todas as estruturas e barreiras que tinha construído.
A partir daí passamos a ter uma visão muito diferente de Quincy. Desconstroi-se toda a imagem de dona-de-casa perfeita, com a vida equilibrada e tudo dando certo no momento em que Samantha surge. Mas porque ela surgiu só agora, depois de tanto tempo sem dar nenhuma notícia?


A narrativa da história se divide em duas etapas: o presente, onde Quincy narra os acontecimentos - e podemos penetrar fundo na sua mente caótica; no passado, narrando em terceira pessoa todos os acontecimentos do Chalé Pine, até alguns anos depois. Ao decorrer da história, o intervalo entre uma e outra ponta do tempo vai se tornando cada vez menor, diferente da ansiedade de quem lê, que só aumenta.
Bem, o livro é surpreendentemente bem construído, com cada mínimo detalhe bem explorado e explicado. Porém, algo em sua narrativa não me agradou totalmente. A leitura é fácil, fluida; não cansa mesmo que você já esteja há horas lendo sem parar. Mas algo na forma em que foi escrito não me agradou, que eu não sei explicar, mas que também não tirá o valor da história. Acredito que há um pouco de animação e/ou desapego demais na forma como alguns pontos são narrados, como uma pessoa simplesmente contando aquela história, sem empatia nenhuma.
As personagens, por sua vez, são excelentes. Todas! Foi incrível ver Quincy desmoronando a cada descoberta; conviver com Coop e tentar entender seus jeitos furtivos; lidar com Samantha e seus ímpetos e segredos; tudo isso se juntando numa teia de mistérios que nos prende como insetos na teia de uma aranha. A forma como cada personalidade foi criada, derrubada, distrinchada e explorada é se tirar o fôlego.


Agora, o ponto principal: o suspense! Como eu disse, foi tudo bem anos 90 (naquele estilo 'Pânico' mesmo), com cabanas, policiais, mulheres correndo e gritando, jovens morrendo - esses foram os pontos clichês. Nada demais. Contudo, o desenrolar dos acontecimentos, unido a perda de memória da Quincy e a necessidade de Samantha de que ela se lembre, faz com que você se questione a todo o instante se tudo o que foi lido sobre a chacina é realmente verdade. Será que Quincy realmente não se lembra de nada? Porque ela foi a única a sobreviver? Nas idas e vindas entre presente/passado, o mistério se torna cada vez mais confuso, e sempre quando você pensa ter entendido algo, a história segue por um rumo completamente inusitado, de deixar qualquer boquiaberto.


Apesar do livro ser muito bom, a edição pecou, e pecou feio na revisão. Eu não costumo notar muitos erros - normalmente eu os corrijo durante a leitura e os esqueço -, mas nesse livro os erros eram gritantes. Pareciam erros de tradução, pois a maioria fazia com que a frase ficasse um pouco confusa, meio enrolada no seu sentido. Provavelmente erros comuns de primeira edição.
Fora isso, o livro é realmente surpreendente, e o fim é de tirar todo o ar dos seus pulmões e o sangue de suas veias! Não sei como explicar uma reviravolta tão cruel e medonha quanto a desse livro. Simplesmente genial - da maneira mais cruel possível.


Uma história cheia de dúvidas, mistérios, passados sombrios e traumas sangrentos sem dúvida é algo que me interessa ler, e não me arrependo de nenhuma página desse livro.
Quem está do nosso lado? Quem quer nos ajudar? Quem quer nos derrubar? Quem são nos verdadeiros aliados? O que definir como real quando nossa mente não consegue se lembrar de detalhes importantes do passado?
Bem, é isso que vocês vão descobrir em 'As Sobreviventes'.
Boa sorte.




3 comentários:

  1. Maísa!
    Imagino que seja um enredo cheio de dor e muito drama.
    Pena que algumas coisas ficaram sem respostas.
    Gostei porque mostra o antes, o agora e o futuro, dando uma visão bem ampla de todo o enredo.
    Um Novo Ano repleto de realizações!!
    “Para ganhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.” (Carlos Drummond de Andrade)
    cheirinhos
    Rudy

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  2. AAAAAAAAAA, VOCÊ ME DEIXOU LOUCA AGORA! KKKKKK

    "Não sei explicar uma reviravolta tão cruel e medonha quanto a desse livro. Simplesmente genial - da maneira mais cruel possível." Já quero ler esse livro há um bom tempo, mas sempre fico passando outros na frente, mas depois dessa resenha... meu caro... lerei ele em breve, vai ser só entrar na vibe do livro. Agora fiquei mais ansiosa e curiosa sobre a história, mas não gostei de saber sobre os erros, tira um pouco do brilho.

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    1. KKKK MDS AMO COMENTARIOS COM CAPS KKKK
      E leia! Precisa! A história é muuuito boa - apesar dos pesares.

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