[Teatro] O Julgamento de um Homem Bom, musical feminista do grupo Matamoscas Teatral, satiriza a masculinidade em curta temporada no Teatro de Arena

 

Foto: Gabriella Carli

O grupo Matamoscas Teatral estreia a comédia musical satírica O Julgamento de um Homem Bom no Teatro de Arena para temporada de 23 de outubro a 2 de novembro, com sessões de quinta a domingo. Com direção e dramaturgia de Bella Rodrigues e direção musical de José Pedro, a montagem investiga a constituição da masculinidade cis, questionando a suposta diferença entre “homens bons” e “maníacos do parque”. No palco, estão Ana Alencar, Carlos Comédias, Franco Cammilleri, Isabella Sabino, Larissa Fujinaga e José Pedro. 

A peça coloca em cena as misoginias estruturais e problematiza os altos índices de violência contra a mulher. “Seriam exceções monstruosas ou consequência direta da forma como a masculinidade é construída?” é uma das reflexões propostas pelo musical, criado de forma satírica, com três homens seminus em cena, invertendo a lógica da hipersexualização feminina. 

Pais, irmãos, namorados e amigos, os chamados “homens bons”, revelam atitudes que parecem inofensivas, mas que carregam violências herdadas do patriarcado. Entre canções irreverentes, piadas feministas e situações absurdas, o espetáculo provoca riso e reflexão sobre o que seria um homem bom. Segundo Bella Rodrigues, o riso é explorado como resistência política e o musical foi criado para divertir o público com uma comédia cheia de ironia e que lida com temas complexos, o que Bella considera ser uma das principais marcas do grupo Matamoscas Teatral, que já tem quatro espetáculos em seu currículo.  “Queremos que o oprimido ria e se reconheça fortalecido, e que o opressor saia constrangido”, resume a diretora e dramaturga.

Todas as músicas são autorais, com letras de Bella Rodrigues e direção musical de José Pedro, que também assina as composições. O espetáculo mistura gêneros musicais — de jazz a funk, passando por um coral.

A proposta dialoga com a tradição do teatro épico, explorando números musicais satíricos e coreografados. “A peça nasceu da observação do masculino, da minha relação com os homens e de como eles se portam no cotidiano. Ela fala de uma característica muito presente na masculinidade: a completa incapacidade de se reconhecer como opressor”, explica Bella Rodrigues.

Segundo a diretora, os homens até reconhecem a existência do machismo, mas dificilmente se veem como agentes dele. “O problema é sempre o outro. A peça desmantela essa suposta divisão entre homens bons e homens maníacos, para mostrar o quanto tudo está conectado e o quanto a própria masculinidade já está relacionada à misoginia”, completa.

O processo criativo bebeu de referências como o artigo A Casa dos Homens, de Valesca Zanello, que analisa os grupos de WhatsApp masculinos, e também de inspirações como  Rafaela Azevedo, a palhaça Fran do sucesso King Kong Fran. Há ainda elementos de autoficção, já que muitas falas reproduzem situações reais vividas ou observadas por Bella Rodrigues.

A encenação também tensiona símbolos do corpo e da feminilidade. No figurino, mulheres aparecem completamente vestidas enquanto os homens ficam seminus. Elementos considerados tabus, como calcinhas e cuecas sujas na cabeça, corrimento, menstruação e pelos corporais, são expostos em cena de maneira cômica.

“Queríamos falar de coisas abafadas, que passam despercebidas, e colocá-las no centro de números musicais extravagantes. São pequenos crimes e machismos cotidianos que viram espetáculo. O público se depara com o que não é dito, com o que costuma ser escondido”, comenta Bella.

Ao final de cada apresentação, o público é convidado a escrever em papéis, de forma anônima, os nomes de assediadores e abusadores. Esses papéis são expostos no palco, criando um espaço coletivo de denúncia.


Sinopse sugerida

Após um crime horrível de ******* seguido de ****** e também *******, o Brasil inicia uma operação que busca prender todos os maníacos do país. Homens disfarçados, escondidos em moitas com sobretudos, esperando em esquinas à noite, ou com relevos nas calças enquanto observam parquinhos de criança, são tirados de circulação. Entretanto, mesmo após o sucesso da varredura antimaníacos, despontam casos de misoginia por todo o país. Encontrar os verdadeiros culpados por esses crimes se torna demanda nacional, e o primeiro julgamento de homens bons do mundo entra em vigor.



Ficha Técnica


Direção: Bella Rodrigues


Direção musical: José Prado


Dramaturgia: Bella Rodrigues

Assistência de Direção: Isabela Soares


Coreografia: Larissa Fujinaga

Elenco: Ana Alencar, Carlos Comédias, Franco Cammilleri, Isabella Sabino, José Pedro, Larissa Fujinaga

Cenografia: Beatriz Perellon

Figurino: Beatriz Perellon

Iluminação: Larissa Siqueira

Audiovisual: Gabriella Carli

Banda: Isabela Soares, José Pedro e Marina Gatti

Visagismo: Laura Adamo

Assessoria de Imprensa: Angelina Colicchio e Diogo Locci - Pevi 56 

Realização: Matamoscas Teatral



Serviço

 O Julgamento de um Homem Bom, da companhia Matamoscas Teatral

 Local: Teatro de Arena (Rua Dr. Teodoro Baima, 94 - Vila Buarque)


Temporada: 23 de outubro até 2 de novembro de 2025

 Horários: Quintas, sextas e sábados, às 20h; domingos, às 19h

Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)

Classificação indicativa: 16 anos

Duração: 80 minutos


Gênero: Comédia Musical


Capacidade: 99 lugares


Redes sociais: @matamoscasteatral

 




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