[Documentário] CINEMATECA BRASILEIRA exibe cópia reconstituída do documentário centenário MINAS ANTIGA, de Igino Bonfioli

 

A reconstituição da cópia de MINAS ANTIGA foi realizada no Laboratório de Imagem e Som da Cinemateca Brasileira e utilizou as imagens em nitrato de celulose depositadas na Cinemateca Brasileira por José Tavares de Barros, professor da Escola de Belas Artes da UFMG, em 1976. As imagens foram duplicadas nessa época, o que as preservou, porém não sobrou cópia montada do filme. A sua reconstituição se baseou em anotações de funcionários da Cinemateca e pesquisas em fontes escritas.

Além do filme, será exibido o complemento POR OCASIÃO DA DESCOBERTA DO BRASIL. Com imagens não aproveitadas no filme oficial de Igino Bonfioli, a Cinemateca Brasileira editou um documentário que corresponde à experiência dos modernistas em 1924. Chocados com o abandono dos monumentos, das obras de arte e a pobreza do ambiente, levaram essa consciência aos colegas mineiros de Belo Horizonte, que iniciaram um movimento de sensibilização do poder público. MINAS ANTIGA é fruto desse esforço. 

POR OCASIÃO DA DESCOBERTA DO BRASIL é a dedicatória de Oswald de Andrade em Pau Brasil, livro de poemas inspirado na viagem da caravana modernista. Dela, participaram Dona Olívia Guedes Penteado, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, entre outros, e Blaise Cendrars, poeta francês que visitava o Brasil. Foi ele quem alertou os modernistas da necessidade de preservar os tesouros do barroco mineiro. E proclamou o Aleijadinho o maior escultor do século XVIII.

A atividade é gratuita e faz parte do Programa Revisão Crítica do Cinema Brasileiro, com curadoria de Carlos Augusto Calil. Os ingressos para a sessão, que acontece na Sala Grande Otelo, serão distribuídos 1h antes da sessão.

Os filmes serão seguidos de um debate com Igor Andrade Pontes e Maria Lúcia Bressan Pinheiro, sob mediação de Carlos Augusto Calil. O debate terá Libras e será transmitido no YouTube da Cinemateca Brasileira.

 


MINAS ANTIGA

por Carlos Augusto Calil

O programa Revisão Crítica do Cinema Brasileiro apresenta Minas antiga, documentário de 1926, realizado pelo cineasta de origem italiana, Igino Bonfioli.

Minas antiga foi encomendado pelo governador Melo Viana como filme educativo a ser exibido nas escolas do estado. Um filme oficial, portanto.

A sua reconstituição utilizou as imagens em nitrato de celulose depositadas na Cinemateca Brasileira por José Tavares de Barros, professor da Escola de Belas Artes da UFMG, em 1976.

As imagens foram duplicadas nessa época, o que as preservou, porém não sobrou cópia montada do filme. A sua reconstituição se baseou em anotações de funcionários da Cinemateca e pesquisas em fontes escritas.

Tudo indica que a encomenda foi uma resposta às advertências dos modernistas paulistas que visitaram Minas durante a Semana Santa, em abril de 1924. A viagem da “descoberta do Brasil” revelou o abandono a que estava relegado o patrimônio histórico do país. Monumentos, igrejas e obras de arte em franca deterioração, em vista da ideologia da República, de renegar o passado colonial.

Da “caravana modernista” participaram dona Olívia Guedes Penteado, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, entre outros, e Blaise Cendrars, poeta francês que visitava o Brasil. Foi ele quem alertou os brasileiros da necessidade de preservar os tesouros do barroco mineiro. E proclamou o Aleijadinho o maior escultor do século XVIII.

Cendrars em 1924 e Mário de Andrade em 1936 redigiram as primeiras versões de um projeto de instituição que redundará no SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Fruto da viagem a Minas.

Viagem de descoberta do Brasil profundo, ela marcou as obras de Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, que lançaram o Movimento Pau Brasil, primeira grande realização modernista, que vem de completar cem anos.

 


A Cinemateca reitera o “convite” de Oswald de Andrade:

Ide a São João Del Rei

De trem

Como os paulistas foram

A pé de ferro




Sobre os debatedores

 

Igor Andrade Pontes

Formado em Comunicação Social - Cinema pela PUC-Rio (2013), com mestrado acadêmico em Comunicação - Estudos do Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (2016). É pesquisador Sênior no Centro de Documentação e Pesquisa da Cinemateca Brasileira - núcleo Filmografia Brasileira. Atuou como Técnico em Preservação Audiovisual no Centro Técnico Audiovisual (CTAv) do Ministério da Cultura. Colaborou com o Instituto Moreira Salles como revisor técnico de cópias de projeção, e estagiou no CTAv no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Participou de cursos de treinamento da Federação Internacional de Arquivos de Filmes (FIAF) em 2021 (Biennial Audiovisual Archival Summer School) e em 2022 (FIAF Film Restoration Summer School).

 


Maria Lúcia Bressan Pinheiro

Professora associada da FAUUSP na área de história e preservação do patrimônio. Trabalhou no CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (1982-1993) e realizou estágio técnico na New York Landmarks Commission, EUA. Foi diretora do Centro de Preservação Cultural ‘Casa de Dona Yayá’. 

 


Carlos Augusto Calil 

Professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA/USP. Cineasta, ensaísta, editor de mais de 30 livros sobre cinema, fotografia, teatro, história e literatura. Foi Secretário Municipal de Cultura de São Paulo e dirigiu instituições como a Embrafilme, Cinemateca Brasileira e Centro Cultural São Paulo. Atualmente, preside o Conselho de Administração da Sociedade Amigos da Cinemateca. É idealizador e curador do programa Revisão Crítica do Cinema Brasileiro na Cinemateca Brasileira. 

 


CINEMATECA BRASILEIRA

Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana

 


Horário de funcionamento

Espaços públicos: de segunda a segunda, das 08 às 18h

Salas de cinema: conforme a grade de programação.

Biblioteca: de segunda a sexta, das 10h às 17h, exceto feriados

 


Sala Grande Otelo (210 lugares + 04 assentos para cadeirantes)

Sala Oscarito (104 lugares)

Área externa (300 lugares)

Retirada de ingresso 1h antes do início da sessão

 


CINEMATECA BRASILEIRA

A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social.

O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.





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