[Crítica] Maria do Caritó

Sinopse:
Às vésperas de completar 50 anos, Maria do Caritó (Lilia Cabral) vive em uma pequena cidade do Nordeste em meio a simpatias para que, enfim, consiga se casar. Prometida a São Djalminha assim que nasceu, devido a um parto difícil, ela nunca encontrou um companheiro de verdade. Entretanto, suas esperanças ressurgem com a chegada de um circo, já que uma cartomante lhe disse que seu pretendente seria um homem de fora.




              O que eu achei?
Maria do Caritó me levou ao cinema nacional em seu auge, brincado com os estereótipos comuns no Nordeste tão rico e tão subestimado pela mídia em geral, de uma maneira que me fez rir até de minhas próprias crendices (afinal, todos temos as nossas), mostrando um povo diverso, que mesmo sem acesso fácil as coisas que nos são tão comuns, como a Internet, que é tão parte do nosso dia-a-dia, que a maioria de nós, fica quase perdido (as vezes, literalmente) sem ela, onde o lúdico e a fé são tudo que eles tem pra distrair a mente das agruras da vida, e nesse cenário é que a lenda de Maria se cria, uma virgem com certa idade, cuja pureza prometida ao santo, lhe concedeu poderes de milagreira.

Com muito humor e situações que embora absurdas, são perfeitamente críveis, o filme traz questionamentos sobre fé, liberdade, política, sobre empoderamento, sobre amor (principalmente o próprio) e como muitas vezes o medo nos aprisiona e cega, nos colocando em uma posição de vulnerabilidade da qual as pessoas acabam por tirar proveito. Eu ri, muito, pensando que em várias situações eu mesma me coloquei nessa posição também, e porque? Por medo ou convenções sociais.

Maria é uma mulher incrível, que por pura bondade ajuda as pessoas que a ela pedem socorro, mas que está longe de sentir-se a santa que querem fazer dela, na verdade ela se sente presa a uma vida que nunca desejou, e faz de tudo para sair dela, com dignidade, ao mesmo tempo, que aqueles que se beneficiam de sua situação, querem mantê-la assim para sempre, e nessa hora eu vi milhares de Marias, que tudo que querem é liberdade para viverem suas vidas.
Algumas vezes tentando fugir através de atalhos, ou da única saída que temos em vista, e que nem sempre esse é o único caminho também.


Lília Cabral mostrou maestralmente, com humor e numa realidade muito diferente da minha, mais uma personagem em busca de seu empoderamento, porque ser feminista é muito mais que ativismo de internet, é mostrar que não importa onde, nem quem você é, quem tem que dar as cartas da sua vida, é você.

                        Trailer:


  Escrito por Maisa Evelyn da Silva Pires

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