[Teatro]O elogiado espetáculo documental “Narcisa” encerra temporada, neste domingo (28/09), no Teatro Municipal Ziembinski, na Tijuca

 O elogiado espetáculo documental “Narcisa” encerra temporada, neste domingo (28/09), no Teatro Municipal Ziembinski, na Tijuca

 


foto Daniel Barboza

Com dramaturgia de Cilene Guedes, direção de Joana Lebreiro e codireção de Gabriela Estevão, a peça fala da trajetória da jornalista e poeta premiada Narcisa Amália de Campos e do apagamento de seu nome da história

 

Precursora do feminismo, jornalista e poeta premiada, Narcisa Amália de Campos (1852-1924) teve uma trajetória marcante nas artes e na imprensa, com fama na corte no Rio de Janeiro, e talento reconhecido por Machado de Assis e todo meio literário de sua época. Mas por que tão pouca gente conhece a vida e a obra da escritora e artista fluminense? Com dramaturgia de Cilene Guedes, direção de Joana Lebreiro e codireção de Gabriela Estevão, o espetáculo documental “Narcisa” reflete sobre o apagamento de seu nome na história e as difamações de que foi alvo durante sua carreira. Com elogios de público e críticos, “Narcisa” encerra temporada, neste domingo (28/09), no Teatro Municipal Ziembinski, na Tijuca, com sessões sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h.

A pesquisa para a peça foi iniciada durante a pandemia, com exibição virtual em 2021, mas só estreou no teatro em 2023. Agora, retorna com apresentação do Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Política Nacional Aldir Blanc. Depois da temporada no Rio, a montagem passará por Resende, Niterói e São João da Barra. No elenco, estão Cilene Guedes, Eli Carmo, Gabriela Estevão e Jacyara de Carvalho.

Defensora dos direitos, da liberdade e da educação da mulher, pioneira no jornalismo, poeta comparada a Castro Alves e Gonçalves Dias, Narcisa nasceu em São João da Barra e cresceu em Resende. Com pouco mais de 20 anos, foi laureada pelo livro "Nebulosas" e durante sua trajetória, bastante celebrada na imprensa. O texto é composto por íntegras e trechos de documentos históricos e poesias. A voz de Narcisa e o pensamento da época chegam ao espectador através de um filtro feminino, formado por quatro atrizes unidas às demais artistas da cena – desde a autora, Cilene Guedes, até Joana Lebreiro (direção), passando por Marieta Spada (cenário e figurino), Ana Luzia de Simoni (iluminação), Gabriela Estevão (atriz e codiretora) e Claudia Castelo Branco (diretora musical).

“Narcisa foi um cometa aguerrido, com um apagamento da história extremamente descarado. Nossa dramaturgia reúne poemas, cartas, artigos dela e sobre ela e outros com temas que tangenciam a peça para falar desse apagamento, mas também do de outras mulheres, artistas, jornalistas e escritoras do período”, explica a dramaturga e idealizadora do projeto, Cilene Guedes. “A história da Narcisa é importante não porque é única, mas porque é exemplar. A peça faz parte de um movimento crescente de resgate de uma série de mulheres destemidas do passado brasileiro cujas trajetórias foram silenciadas”, acrescenta a autora.

A diretora Joana Lebreiro lembra que a equipe foi se apaixonando durante a pesquisa sobre a vida de Narcisa, feita durante a pandemia. “Ela foi um fenômeno literário em ascensão, ainda muito jovem, né? Uma figura muito importante da sua época. Quisemos que a peça tivesse a própria voz dela, as palavras que ela escreveu, as suas ideias sobre a vida na época. E essa consciência que ela tinha sobre o seu tempo histórico, sobre as condições das mulheres. É um espetáculo com uma estrutura fragmentada, que trata de temas que nos são caros até hoje, porque falar do passado é também uma forma de entender o nosso presente”, conclui a diretora.

Sobre Narcisa Amália

“Eu diria à mulher inteligente [...] molha a pena no sangue do teu coração e insufla nas tuas criações a alma enamorada que te anima. Assim deixarás como vestígio ressonância em todos os sentidos” (Narcisa Amália)

Poeta, jornalista, abolicionista, republicana, defensora ferrenha dos direitos da mulher e da educação, comparada a Gonçalves Dias e Castro Alves, Narcisa Amália é considerada a primeira mulher a tornar-se jornalista profissional no Brasil. A poetisa fluminense, um dos nomes de expressão da poesia romântica brasileira, teve memória e obra sujeitas ao sistemático silenciamento das vozes femininas na história literária brasileira. A recepção da sociedade oscilou de prêmios e louvores a acusações de conduta libertina e de não ser autora de suas obras.

O seu único livro de poesias, "Nebulosas", foi escrito aos 20 anos. O livro foi publicado pela mais famosa editora brasileira à época, a Garnier, que patrocinou todos os gastos da impressão. Em 1873, Narcisa recebeu o prêmio “Lira de Ouro” por conta dessa obra. Em setembro de 1874, recebeu o prêmio da Mocidade Acadêmica do Rio de Janeiro, uma pena de ouro entregue pelas mãos do conselheiro Saldanha Marinho.

Na juventude, foi tradutora de George Sand (pseudônimo masculino da autora francesa Amandine Aurore Lucile Dupin) – ambas escritoras, republicanas, descasadas, defensoras da liberdade da mulher. Mas encontrou destino oposto ao da dama da literatura francesa. Narcisa morreu aos 72 anos, cega, diabética, sem mobilidade, afastada da literatura (que trocou pelo magistério) e esquecida nos meios intelectuais onde circulou com grande prestígio.

 

 

Trechos de críticas

(Tânia Brandão, crítica teatral, no site Folias Teatrais): "Vale destacar a grandeza da proposta. Há no palco um projeto teatral na extensão maior da expressão, da escolha do tema aos menores detalhes da teatralidade. (...)A cena se move com uma vertigem poética teatral inebriante e se torna obrigatória também a partir desta qualidade. Está na pauta uma construção teatral muito inspirada, com linguagem e estética refinadas, de certa forma uma recuperação do que se pode chamar de linguagem cênica autoral de grupo".

(Lionel Fischer, crítico teatral): “Mesclando documentos históricos e trechos de obras literárias, e tendo como fio condutor a história da vida de Narcisa Amália, a ótima dramaturgia de Cilene Guedes ganhou excelente versão de Joana Lebreiro. Impondo à cena uma dinâmica plena de criatividade, humor e sofisticação, à encenadora também deve ser creditado o mérito suplementar de haver extraído irretocáveis atuações do elenco, em total sintonia com as propostas da direção".


Ficha técnica:

 

Dramaturgia: Cilene Guedes

Direção: Joana Lebreiro

Codireção: Gabriela Estevão

 Elenco: Cilene Guedes, Eli Carmo, Gabriela Estevão e Jacyara de Carvalho

 Direção de Produção: Carolina Bellardi e Felipe Valle

 Pesquisa: Cilene Guedes, Leticia Milena, Naiana Borges e Nina Pamplona

 Diretora de arte (cenário e figurino): Marieta Spada

Trilha sonora: Cláudia Castelo Branco

Desenho de Luz: Ana Luzia de Simoni

Visagismo: Jacyara de Carvalho

 Produção Executiva: Ana Flávia Massadas

Operação de Luz: Tayná Maciel 

Operação de Som: Julia Hespanhol

Assistente de Direção de Arte: Malu Guimarães

 Designer Gráfico: Thiago Ristow

Gestão de Redes Sociais: André Mizarela

Fotógrafo: Daniel Barboza

Assessoria de Imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)

Prestação de Contas: Felipe Valle

Coordenação Geral: Pagu Produções Culturais e Trupe Produções

 Realização: Octopus Comunicação e Cultura

 

Serviço:

Temporada: de 12 a 28 de setembro de 2025

Teatro Municipal Ziembinski: Avenida Heitor Beltrão - Tijuca, Rio de Janeiro

Dias e horários: sextas e sábados, às 20h, e domingos às 19h.

Apresentação com LIBRAS e audiodescrição: 27/09

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).

Duração: 1h15

Lotação: 141 lugares

Classificação: 12 anos

Venda de ingressos: https://ingressosriocultura.com.br/riocultura/events/47671 e na bilheteria de terça a domingo, das 14h às 20h

Instagram: @narcisaespetaculo

 

 

 

Assessoria de imprensa

 

Racca Comunicação

Rachel Almeida

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