[Filmes] GAÚCHO ‘FUTURO FUTURO’ É O GRANDE VENCEDOR DO FESTIVAL DE BRASÍLIA
Veja depoimento do diretor:
""Futuro Futuro" é assumidamente uma obra de experimentação, onde a forma e a estética são fundamentais para as reflexões políticas que o filme propõe. Essa foi apenas a terceira vez que um longa gaúcho vence o prêmio principal de Brasília em todas as 58 edições, sendo a última vez em 1997 e antes em 1988. Apesar desse filme ter sido financiado pelos arranjos regionais (SEDAC RS e Ancine), é preciso lembrar que filmes de experimentação historicamente têm muita dificuldade em encontrar incentivo público no RS devido ao perfil dos poucos editais existentes. Curiosamente, esses filmes não estreiam na mostra principal do Festival de Gramado, mesmo quando passaram antes por grandes festivais como Berlim. São filmes que vão ao Festival do Rio e Brasília, onde vários deles saem premiados. Tudo isso são sintomas importantes para refletirmos.
Eu espero que esse prêmio ajude que editais voltados para experimentação e inovação artística como Prodecine 5 sejam retomados no Brasil e que linhas desse perfil sejam criadas em editais no Rio Grande do Sul. Não há desenvolvimento da indústria criativa sem apoio à inovação. E filmes como o nosso geram empregos, renda e pagam impostos como todos os outros, e em muitos casos são embaixadores culturais do Brasil, representando o país em grandes festivais internacionais."
Produzido pela Vulcana Cinema e rodado em Porto Alegre, o filme é o quarto longa de Davi Pretto que, depois de “Castanha” (2014), “Rifle” (2016) e de “Continente” (2024), transformou sua cidade natal em uma metrópole futurista. Para interpretar K, personagem protagonista, o diretor escalou o potiguar Zé Maria, ator conhecido por seus trabalhos em filmes como “O Clube dos Canibais” (2018) e “Paloma” (2022), além da série “Maria e o Cangaço” (2025).
Zé Maria contracena com João Carlos Castanha, que batiza e protagoniza o primeiro filme do cineasta, além de Carlota Joaquina (“Seus Ossos e Seus Olhos”), Clara Choveaux (“Luz nos Trópicos”) e Higor Campagnaro (“O Animal Amarelo”). Olivia Torres, atriz de “Ainda Estou Aqui”, vencedor do Oscar de filme internacional, e protagonista de “Continente”, também empresta sua voz para o novo trabalho de Pretto.
SINOPSE
Em um futuro próximo, onde os avanços em inteligência artificial coexistem com o surgimento de uma nova síndrome neurológica, um homem sem memória de 40 anos chamado K é acolhido por um clickworker solitário de 60 anos na parte empobrecida de uma chuvosa cidade brasileira. Após usar um viciante dispositivo IA em um curso para pessoas com a estranha síndrome, K embarca em uma jornada trágica e absurda para tentar encontrar o seu lugar no mundo.
SOBRE O FILME
Ficção científica nada convencional e de baixíssimo orçamento, “FUTURO FUTURO” foi rodado em apenas 16 dias em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A produção teve suas filmagens interrompidas por meses devido à maior enchente da história do estado, em maio de 2024. Um filme distópico que se deparou com uma distopia real inimaginável. Depois que a enchente inundou locações que ainda fariam parte das filmagens, e diante de recursos escassos para concluir as diárias, Davi decidiu incorporar radicalmente imagens de inteligência artificial, tanto como o elemento distópico previsto na história, quanto como uma solução para terminar o filme.
O filme investiga de maneira provocativa o potencial poético na estupidez e absurdo da imageria IA, que gera intenso debate na indústria cinematográfica e no nosso cotidiano. “FUTURO FUTURO” reflete sobre os perigos cognitivos e políticos dos avanços da inteligência artificial, tecnologia que tem mudado o mundo do trabalho, das relações sociais e alterado a nossa percepção do que é real e o que não é. Ao mesmo tempo, se debruça sobre os desafios e limitações do próprio fazer cinema independente em um mundo transformado por catástrofes climáticas constantes e por imagens artificiais que redefinem radicalmente nosso olhar e nosso imaginário.
O DIRETOR
Davi Pretto (Porto Alegre, 1988) escreveu e dirigiu os longas “Castanha” (2014), estreado na mostra Forum do 64º Festival de Berlim e eleito Melhor Filme da mostra Novos Rumos no Festival do Rio, “Rifle” (2016) exibido na Forum do 67º Festival de Berlim e vencedor dos prêmios da Crítica e Roteiro no Festival de Brasília, “Continente” (2024) exibido na competição do 57º Festival de Sitges e eleito Melhor Direção na mostra Novos Rumos do Festival do Rio, e “FUTURO FUTURO” (2025) que teve sua estreia mundial no 59º Festival de Karlovy Vary, na mostra competitiva Proxima.
ELENCO
Zé Maria Pescador ………… K
João Carlos Castanha ………… Silvio
Carlota Joaquina ………… Joana
Clara Choveaux ………… Antonieta
Higor Campagnaro ………… Isaac
Olivia Torres ………… Voz IA
E mais: Silvia Duarte, Ida Celina, Alex Pantera, Carlos Azevedo, Daniel Machado, Elaine Segura, Fabielly Klimberg, Gabriela Greco, Iluska Moura, Li Pereira, Luciano Abreu, Robson Duarte e Sandro Marques.
FICHA TÉCNICA
Direção e Roteiro: Davi Pretto
Produção: Paola Wink e Jessica Luz
Fotografia: Leonardo Feliciano
Montagem: Bruno Carboni, EDT
Direção de Arte: Dayane Paz
Figurino: Gabriela Güez
Caracterização: Juliane Senna
Música Original: Rita Zart e Carlos Ferreira
Desenho e Mixagem de Som: Tiago Bello
Som Direto: Tomaz Borges
Título original: Futuro Futuro
Título em inglês: Future Future
Gênero: Drama, Lo-fi, Sci-fi
Duração: 86 min
Ano e país de produção: Brasil, 2025
Duração: 86 minutos
Formato: DCP, 2K, 24FPS, FLAT 1.85, 5.1, Color
Locações de filmagem: Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Produção: Vulcana Cinema
Financiamento: FSA, BRDE, ANCINE, RS FAC
Laboratórios e Mercados: Festival Internacional de Cine de Cartagena de Indias - FICCI - WIP IBEROAMÉRICA
SOBRE A VULCANA CINEMA
Liderada por Jessica Luz e Paola Wink, a Vulcana Cinema já levou suas produções brasileiras autorais e coproduções internacionais para os maiores festivais de cinema do mundo. Entre os doze longas que tem no currículo, a empresa porto-alegrense produziu “Castanha” (2014) e “Rifle” (2017), ambos dirigidos por Davi Pretto e lançados na seção Forum da Berlinale; “Tinta Bruta” (2018), de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, que ganhou o Teddy e o prêmio CICAE na Berlinale; e “O Empregado e o Patrão” (2021), de Manuel Nieto Zas, seleção oficial da Quinzena de Cineastas de Cannes. A Vulcana Cinema tem reconhecimento dos principais fundos globais de fomento, como o Hubert Bals, Vision Sud Est, World Cinema Fund, IDFA Bertha Fund e NRW, e participação em labs de inovação como EAVE Puentes, Berlinale Co-production Market, Torino Film Lab, Tres Puertos Cine e Binger Film Lab. Entre suas novas produções, estão "The Black Snake” (2025), de Aurélien Vernhes-Lermusiaux, com estreia mundial na seção ACID do Festival de Cannes; “Continente” (2024), de Davi Pretto (Competição no Festival de Sitges e Melhor Direção no Festival do Rio); “Ato Noturno” (2025), de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, com estreia mundial na seção Panorama da Berlinale este ano; e os próximos projetos em pós-produção: “Madre Pájaro”, de Sofía Quirós, coprodução com a Costa Rica; "Novembro” de Tomás Corredor, uma coprodução com a Colômbia; e “Talismã”, de Thais Fujinaga.



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