[Resenha] A garota no gelo

Quando um jovem rapaz encontra o corpo de uma mulher debaixo de uma grossa placa de gelo em um parque de Londres, a detetive Erika Foster é chamada para liderar a investigação de assassinato.
A vítima, uma jovem e bela socialite, parecia ter a vida perfeita. Mas quando Erika começa a cavar mais fundo, vai ligando os pontos entre esse crime e a morte de três prostitutas, todas encontradas estranguladas, com as mãos amarradas, em águas geladas nos arredores de Londres.
Que segredos obscuros a Garota no gelo esconde?
O que eu achei?
Convocada para liderar a investigação do assassinato de uma jovem cujo corpo foi encontrado submerso num lago congelado, a Detetive Inspetora Chefe Erika Foster se vê envolvida numa trama de segredos obscuros e assassinatos.

A jovem era ninguém menos que Andrea Douglas-Brown, jovem e linda, que vivia para se divertir, filha de Sir Simon Douglas-Brown, um homem extremamente rico, cujos tentáculos de influencia e contatos poderosos se espalhavam por todas as classes e poderes, nos mais altos níveis e cargos imagináveis – o que não significa que todos os contatos eram honestos... Relatos de testemunhas não muito confiáveis dizem tê=la visto em dos dos pubs mais underground de Londres na noite de seu desaparecimento. O que será que ela fazia lá.

Erika carrega o trauma de ter presenciado a morte do marido, também policial, diante dos seus olhos, culpando-se, remoendo os acontecimentos e penando para se perdoar. Ela é uma mulher forte e determinada, mesmo às vezes duvidando de sua capacidade de foco, objetividade e discernimento durante a investigação da qual é a cabeça. E para piorar, se vê tendo que, em muitos momentos, se submeter as orcem de seus superior, que vão contra suas intuições sobre o caso e as pessoas envolvidas. Do  que será que todos tem tanto medo? Porque reviver o passado de Andrea parece assustar todos na delegacia?

O autor soube explorar o submundo dos pubs e casas noturnas londrinas, com drogas, bebidas e prostituição, de maneira excelente, mostrando como a sociedade londrina se mostra atualmente: hotéis e estabelecimentos de alta qualidade dividindo calçada com espeluncas frequentadas pelos piores tipos de pessoas, onde os ricos simplesmente ignoram a existência de toda aquela pobreza.

A atmosfera da delegacia, e também dos momentos onde ocorrem as investigações e as conversas entre os policiais, remete muito aos programas policiais dos anos 80/90, misturando o soturno com o dramático, mas com uma escrita leve e fluida – apesar do tema da história.

Um dos pontos mais interessantes do livro, deixando de lado o conteúdo, é a representatividade LGBT, onde dois personagens (um homem gay e uma mulher lésbica) não são, de forma alguma, meros coadjuvantes clichês para aliviar a tensão na história. Arrisco-me a dizer que – talvez – sejam esses dois os melhores personagens do livro.

Durante as investigações de Erika e sua equipe, informações e descobertas assustadoras são reveladas, que envolvem muito mais do que apenas vítima e criminoso nesse caso de assassinato. Há muito mais envolvido do que se possa imaginar. E muitas outras pessoas também... contudo, essas descobertas acabam causando muita dor de cabeça e repercutindo em vários âmbitos. Uma luta entre fazer o que é certo e fazer o que ordenado nasce na mente de Erika, e ela precisa agir, mesmo que isso lhe custe seu emprego, sua carreira.

Mesmo assim, em alguns momentos a história fica um pouco lenta, um pouco arrastada e sem muitas novidades, o que acaba por não nos envolver muito no momento descrito. Mas a reviravolta que surge em seguida consegue ser surpreendente, todas as vezes! Os diálogos mostram uma mentalidade um pouco utópica demais, às vezes durante os diálogos de Erika. Talvez um pouco pedante até. Algumas personalidades se mostram um pouco imaturas, e as falas, pouco envolventes. Erika em vários momentos deixa a desejar como mulher forte que está travando uma batalha interna: seus monólogos consigo mesma mais parecem conversas adolescente, fracos desabafos, faltando profundidade e maturidade. E às loucuras de alguns, falta um pouco de... loucura (não sei como dizer de outra forma)! Talvez se aprofundar de uma maneira mais sombria e soturna, mais desumana para dar mais equilíbrio.

Como é de praxe em toda delegacia que se preze, as personalidades machista, narcisistas e imperativas ao extremo se fazem presente nesse livro, e nessa hora a personalidade de Erika se torna incrivelmente bem estruturada, onde ela luta contra tudo e todos para fazer o certo e vingar o assassinato de uma jovem inocente, não medindo esforços e nem mesmo atitudes – mesmo que isso possa vir a afeta-la negativamente, e à polícia também. Ela não se rende ao jogo de poder, contatos e manipulações, onde tudo acontece na surdina e o silencio pode ser comprado com algumas centenas de libras. Impulsiva e determinada.

Quantos segredos escondem os Douglas-Brown? Quantos segredos esconde Andrea? E o que a revelaçães deles poderia causar à família e ao legados dos Douglas-Brown?

No geral, o livro foi bom, bem escrito e não muito cansativo, com um final que realmente conseguiu me surpreender e deixar de queixo caído. Mas ainda assim existem muitos aspectos que necessitam amadurecer na escrita, principalmente na construção das personalidades, que têm tudo para serem incríveis.

Jogo político, de poder e de influências; manipulação, segredos familiares sombrios e investigações impetuosas e incessantes na busca por justiça e verdade preenchem o livro A GAROTA NO GELO. Se você gosta do gênero, não vai se arrepender.

* O livro foi cedido pela Editora Gutenberg durante o evento de Aliança de Blogueiros- RJ.



Um comentário:

  1. Gosto de livros investigativos,cheios de mistério e suspense.
    Além de detalhes dos lugares e da personalidade dos personagens.
    E se o final é surpreendente, melhor ainda!

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