[News] No centenário do “Manifesto do surrealismo”, editora 100/cabeças reúne textos fundamentais do movimento surrealista em livro
Desafiando o fio do tempo, cem anos se passaram desde que o “Manifesto do surrealismo” de André Breton rompeu com as amarras do pensamento racional, lançando-nos na demanda pela liberdade absoluta do humano. Hoje, não celebramos uma efeméride – seguimos o rastilho de pólvora de uma chama viva.
Trecho do ensaio “O Assalto Maravilhoso”, do grupo DeCollage
Decorridos 100 anos desde o icônico “Manifesto do surrealismo” (1924), de André Breton, o texto ainda ecoa força e inquietação artística e política. Tendo isso em mente, a editora 100/cabeças, conhecida por publicar autores e obras relacionadas ao movimento, lança os Manifestos do Surrealismo (608 p.).
Por entre as páginas deste livro, os leitores encontrarão os textos fundamentais que guiaram a trajetória de André Breton e os surrealistas: “Manifesto do surrealismo”, que vem acompanhado do fac-símile em cores dos manuscritos de Breton, “Peixe solúvel”, “Segundo manifesto do surrealismo”, “Carta às videntes”, “Posição política do surrealismo”, “Prolegômenos a um terceiro manifesto do surrealismo ou não” e “Do surrealismo em suas obras vivas”.
A obra traz também uma importante seleção de textos e declarações de grupos e autores ligados ao surrealismo de várias partes do mundo (Grupo surrealista DeCollage, Laurens Vancrevel, Annie Le Brun, Sylwia Chrostowska, Joël Gayraud, Guy Girard, Michael Löwy, José Manuel Rojo, Ron Sakolsky, Georges Sebbag).
Com traduções de Marcus Rogério Salgado e Diogo Cardoso, completa o livro um cuidadoso caderno de notas que ressaltam e analisam aspectos da tradução dos textos, da história e do pensamento do surrealismo e aqueles que o construíram.
Assim, a organização dos textos atesta a atualidade desse movimento artístico e político que se ergue na “bandeira da imaginação”, propondo reflexões, por exemplo, a respeito do que mais tarde se tornaria a luta antimanicomial, e colocando-se contrário aos ideais fascistas emergentes nos anos 1920 em diante.
É possível afirmar que Manifestos do Surrealismo é uma importante ferramenta de consulta, ou, ainda, um marco editorial no que se refere aos estudos do surrealismo no Brasil, o que é realçado pelo projeto gráfico do livro, impresso em tamanho grande (18,8 x 26,8 cm), o que facilita a leitura atenta (ou, ainda, o estudo mais aprofundado) dos textos, visto que há maior espaço para anotações e marcações.
Sobre o autor
André Breton (1896-1966) foi um poeta e escritor nascido em Tinchebray, na França. Criou com Louis Aragon e Philippe Soupault a revista “Littérature” em 1919. Ao lado de Soupault publica “Les Champs magnétiques” (1920), obra em que exercitam a escrita automática. Juntou em torno de si o grupo de artistas e poetas que deu origem ao movimento surrealista, do qual foi fundador junto de Louis Aragon, Paul Éluard, René Crevel, Michel Leiris, Philippe Soupault, Robert Desnos e Benjamin Péret. Além dos “Manifestos”, é autor de “Nadja” (1928), “O amor louco” (1937), “Arcano 17” (1944), entre outros, tendo dirigido e editado diversas revistas do movimento surrealista. Foi um dos intelectuais mais atuantes do século XX, opondo-se a todo tipo de autoritarismo. Manteve contato com artistas no mundo todo, espalhando a chama revolucionária do surrealismo durante toda sua vida.
Ficha técnica
Título: Manifestos do surrealismo
Autor: André Breton
Traduções e notas: Marcus Rogério Salgado e Diogo Cardoso
Projeto Gráfico: Daniel Justi
Preparação e revisão: Pedro Spigolon e corpo editorial 100/cabeças
Número de páginas: 608
Peso: 1.125 kg
Formato: 18,8×26,8cm
ISBN: 978-65-87451-24-4
Preço: R$ 198,00
Ano da publicação: 2024
Confira um trecho de "Manifesto do surrealismo" (p. 18-19):
“Reduzir a imaginação à condição de escrava, ainda que o que estivesse em jogo fosse aquilo a que grosseiramente se chama felicidade, é furtarmo-nos a tudo o que no fundo de nós mesmos encontramos de justiça suprema. Só a imaginação dá conta daquilo que pode ser, o que já basta para levantar um pouco a terrível interdição; basta igualmente para que a ela me abandone sem temor de me enganar (como se pudéssemos enganarmo-nos mais). Onde ela começa a tornar-se má e onde se mantém a segurança do espírito? Para o espírito, a possibilidade de errar não será antes a contingência do bem?”
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