[News] Sexualidade feminina e etarismo são abordadas em livro da historiadora Marlene de Fáveri, com lançamento quinta-feira (30/11), na UFSC

 Sexualidade feminina e etarismo são abordadas em livro da historiadora Marlene de Fáveri, com lançamento quinta-feira (30/11), na UFSC




Em “Um corpo que goza não envelhece” (editora Infinita Leitura, 85 páginas), a escritora e historiadora catarinense Marlene de Fáveri provoca a sociedade a repensar papéis pré estabelecidos. Ela propõe reflexões sobre a necessidade urgente da quebra de paradigmas a respeito do corpo e envelhecimento, além do direito ao prazer das mulheres em todas as fases da vida. O lançamento será no dia 30 de novembro, das 20h20 às 21h30, no I Festival Literário da Universidade Federal de Santa Catarina - no hall do Centro de Cultura e Eventos.


O livro tem a concepção de capa assinada pela da artista visual Meg Roussenq. Os textos, em forma de poesia, prosa, diálogos e depoimentos tecem críticas a padrões naturalizados de beleza, juventude, corpo perfeito sem rugas, estrias, marcas da idade e chama as mulheres para olharem-se como sujeitos dos direitos. Para permitirem-se viver com alegria o tempo que vem pela frente sem medo ou vergonha.

O machismo é estrutural, não está só numa relação ou pessoa, está na cultura, nas relações sociais e se reproduz de diversas formas, sendo uma delas a desigualdade de oportunidades e direitos”, comenta a autora. “Equidade é fundamental na sociedade porque preza pela igualdade de oportunidades para todas as pessoas e para a não discriminação. Sendo assim, o debate é por equidade de gênero, sejam as mulheres de qualquer etnia, geração, classe, raça, elas merecem oportunidades iguais e valorização como sujeitos dos direitos.”

 Já na apresentação de “Um corpo que goza não envelhece”, Marlene aponta que "nossa cultura é misoginovelhofóbica e etarista”. Portanto, “desqualifica e aprisiona em padrões que não aprovam os corpos maduros e velhos com beleza, sexualidade, sensualidade, felicidade, autonomia e liberdade.” Para a escritora, “a educação feminina, por séculos, cobrou das mulheres fragilidade, submissão, dependência, delicadeza, fidelidade, especialmente a sexual, dedicação no cuidado com os outros e pouco, ou nada, de si.” 

Como resultado dessas distorções culturais por séculos, as mulheres foram condenadas a ter vergonha do próprio corpo e, por consequência, à deserotização. A escritora entende que a cultura hegemônica pautou discursos para aprisionar a sexualidade e a sensualidade das mulheres. Ela diz: "As que viveram mais de meio século são condenadas ainda à invisibilidade e ignoram seus desejos e suas fomes frêmitas, pondo-as nas argolas do desdesejo”.

A autora conduz sua escrita em versos entrelaçando vivências, observações e alguns depoimentos sobre a experiência de amadurecer. E, por conseguinte, "envelhecer num tempo que, se ainda imperam ditaduras do corpo perfeito e da juventude, está acontecendo uma outra revolução, a da boa velhice", finaliza


Publicações recentes da autora:

Se pulsa, arde e resiste. Florianópolis: Ed.  Infinitta Leitura, 2022. Poesias.

O Ultra-realismo na cena literária de Itajaí. (organizadora e narradora).Itajaí: Ed. Traços&Capturas, 2022. 

Crônicas da Incontingência da Clausura – cotidianos na pandemia”. Volumes 1 e 2. Florianópolis: Ed. Letras Contemporâneas, 2021.



Sobre a autora


Marlene de Fáveri nasceu em Nova Veneza (SC), no meio rural e, aos nove anos, sua família mudou para Turvo (SC). Aos 19 anos, mudou para Florianópolis, onde cursou Ciências Sociais na UFSC, e trabalhou como secretária da Associação de Odontologia (OAB). Terminada a faculdade, fez o concurso para Extensionista Rural e foi trabalhar na extinta ACARESC atendendo mulheres do meio rural de Navegantes (SC). 

Em 1988, foi uma das fundadoras e integrou o Grupo de Poetas e Escritores Mário Quintana em Itajaí (SC), quando pôde expressar-se e mostrar seus poemas que gritavam contra as violências sofridas pelas mulheres. Foi neste Grupo de Poetas que se pôde ouvir – “na década de 1980 a voz das mulheres era silenciada e, se falassem, não eram ouvidas”. A poesia foi a porta para as denúncias e a expressão da feminista que bradava na poeta e escritora, e ali publicou seu primeiro livreto, Santo Corpo, com poemas feministas. 

Nesse período, cursou História na Univali e lecionou numa escola municipal. Formada, seguiu carreira acadêmica, lecionando na Univali e na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), onde entrou por concurso em 1996. Especializou-se em relações de gênero, feminismos e história das mulheres, temas que permearam suas pesquisas. Cursou mestrado e doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e sua atuação, produção acadêmica e orientações nos programas de Mestrado e Doutorado foram na UDESC. 

Seu feminismo, afirma, vem de sua mãe camponesa que lhe disse: “Vai estudar, minha filha. Uma mulher não pode depender de homem! Uma mulher tem que ser independente. Estude!”. O incentivo materno teve as asas costuradas pela sua mãe para que pudesse voar.  Foi para a universidade e nunca mais parou de estudar e escrever. Fez de tudo isso a militância que a move nas pautas das mulheres, por direitos humanos e dignidade. 


Serviço

Lançamento do livro Um corpo que goza não envelhece”, de Marlene Fáveri

Quando: 30/11 (quinta-feira), das 20h30 às 21h30

Onde:  Hall do Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (endereço: R. Eng. Agrônomo Andrei Cristian Ferreira, 570 - Pantanal - Florianópolis)

Preço do livro: Poderá ser adquirido, no local de lançamento, pelo valor promocional de R$ 45,00. Depois, a venda será disponibilizada na @latinas.livraria

Contatos

No instagram: @marlenedefaveri 

 E-mail: mfaveri@terra.com.br  

Um comentário:

  1. Em 2026, teremos aproximadamente 40 milhões de pessoas de 60 anos no Brasil. O dobro de hoje. Metade, mis de metade, são mulheres.

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