[News] DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO TRANSO DISCUTE A VIDA SEXUAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Cineasta e pesquisador Lucca Messer aborda de maneira aberta um tema que é tabu – embora não deveria ser – na sociedade brasileira em TRANSO, documentário sobre a sexualidade das pessoas com deficiência. O longa exibido no Canal Futura no dia 3 de dezembro, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
Como uma pessoa sem deficiência, Messer conta que sua abordagem em relação ao tema é completamente observacional. “O primeiro passo foi estudar o assunto e escutar os participantes antes mesmo de iniciar a gravação. No geral, percebi que muitas pessoas com as quais conversei estavam ansiosas para debater o tema, houve pouca resistência. A maioria dos participantes aceitou prontamente o convite, eu senti que havia uma vontade genuína das pessoas relatarem suas experiências a fim de combaterem o apagamento de suas vidas sexuais, e claro, a sexualidade pertence à gama da individualidade de alguém; se apagamos a sexualidade e identidade de alguém, consequentemente reduzimos a integridade daquela pessoa. Essa foi uma premissa que me impulsionou a querer estudar o tema mais a fundo.”
O longa conta com a participação de Ana Maria Noberto, Adrieli de Alcântara, Daniel Massafera, Edvaldo Carmo de Santos, Fernando Campos, Jonas Lucena da Silva, Kollinn Benvenutti, Marcelo Vindicatto, Mona Rikumbi, Nayara Rodrigues da Silva, Nilda Martins, Siana Leão Guajajara.
O projeto de TRANSO começou quando o diretor produziu, em 2018, um curta sobre Mona Rikumbi, a primeira mulher negra a atuar no Theatro Municipal de São Paulo. Durante o processo deste filme, eles se tornaram amigos, e Mona, um dia, relatou da dificuldade de se encontrar motéis acessíveis na cidade.
“Foi nesse momento que me dei conta que existem barreiras que limitam e anulam a vida sexual da pessoa com deficiência, a falta acessibilidade reforça isso. Eu nunca havia me atentado à ausência de rampas, à falta de tab lets para comunicação com a recepção para quem tem uma deficiência auditiva e banheiros acessíveis para quem usa cadeira de rodas nos motéis.”
Depois dessa conversa, Messer começou uma pesquisa sobre o tema, e, por mais de três anos, enquanto atuava do mundo do documentário e da psicologia, estabeleceu conversas com pessoas com deficiência sobre o tema, realizando pré-entrevistas, além de estar em contato com acadêmicos que se dedicam ao estudo da sexualidade e deficiência.
“Essa jornada eventualmente culminou na criação de um projeto transmídia, o TRANSO, cujo objetivo principal é desmistificar o tabu em torno da sexualidade por meio da representação, deixando claro que pessoas com deficiência não apenas têm vidas sexuais, mas também sentem prazer e constroem famílias.”
Mona foi a primeira entrevistada, e, também, atua como consultora e coprodutora do longa. A partir do próprio círculo de contatos e amigos dela, Messer iniciou a procura por entrevistados e entrevistadas para o documentário.
“Duas amigas de Mona, e Ana e Nilda, que também utilizam cadeiras de rodas, concordaram em participar do documentário logo de cara. Além desse método de levantamento, busquei diversificar ao máximo os participantes, considerando suas histórias de vida, mas também o tipo de deficiência, suas orientações sexuais e identidade de gênero.”
Messer também aponta que buscou abranger a maior diversidade de perfis possíveis. “Seria meu dever representar ao máximo dentro dos conformes de um longa documental. A participação de Siana Guajajara no projeto foi muito significativa, considerando o marcante apagamento das vivências de pessoas indígenas com deficiência no Brasil.”
Contando não apenas com o documentário, mas um trabalho transmídia, Messer acredita contribuir para derrubar o tabu de se falar da vida sexual de pessoas com deficiência. “Eu acho que primeiro passo é o da representatividade. Se começarmos a ver pessoas com deficiência vivendo um namoro em novelas, presentes em campanhas do Dia dos Namorados, e em papéis de protagonismo nos cinemas, gradualmente, esse tabu se dissolverá. Há muito trabalho pela frente, mas espero que o TRANSO possa servir como um começo dessa mudança.”
Sinopse:
Em TRANSO, pessoas com deficiência compartilham suas histórias e reflexões em uma conversa íntima sobre sexo e relacionamentos. Celebrando o afeto, o autoprazer e a pluralidade da sexualidade, o filme apresenta participantes como Ana, que ganha seu primeiro vibrador de duas amigas e Fernando, um influencer que encontrou o amor em um carnaval fora de época.
Ficha técnica:
Direção: Lucca Messer
Roteiro: Lucca Messer e Mariana Goulart
Produção: André Libonati
Coprodução e Consultoria: Mona Rikumbi
Edição: Mariana Goulart
Direção de Fotografia: Lucca Messer
Ilustradora e Designer: Maria Paula Picin
Trilha Sonora Original: Rafael Laurenti
Participantes: Ana Maria Noberto, Adrieli de Alcântara, Daniel Massafera, Edvaldo Carmo de Santos, Fernando Campos, Jonas Lucena da Silva, Kollinn Benvenutti, Marcelo Vindicatto, Mona Rikumbi, Nayara Rodrigues da Silva, Nilda Martins, Siana Leão Guajajara
Sobre Lucca Messer
O projeto Transo foi criado pelo documentarista e pesquisador Lucca Messer, em colaboração com a produtora e consultora Mona Rikumbi. Lucca, nascido no Reino Unido, reside em São Paulo há mais de 16 anos. Com formação em psicologia, Lucca busca integrar a pesquisa comportamental à ferramenta audiovisual, a fim de disseminar conteúdo de uma forma palpável e mais acessível. Iniciando sua trajetória desenvolvendo projetos independentes de curtas documentais, assumindo a direção e fotografia, rapidamente concentrou seus esforços na produção de conteúdo com foco em questões sociais, sempre buscando a implementação de estratégias tr ansmídia em seus trabalhos. Atualmente, ele se dedica à criação de conteúdos e documentários com impacto social em uma ampla gama de temas, incluindo masculinidade e saúde pública. Em 2019, ele fundou a ONG Assim Somos, agência que representa, capacita e cria conteúdo com artistas com deficiência.
Sobre o Futura
O Futura é uma experiência pioneira de comunicação para transformação social que, desde 1997, opera a partir de um modelo de produção audiovisual educativa, participativa e inclusiva. É uma realização da Fundação Roberto Marinho e resultado da aliança estratégica entre organizações da iniciativa privada unidas pelo compromisso de investir socialmente, líderes em seus segmentos: SESI - DN / SENAI - DN, FIESP / SESI - SP / SENAI - SP, Fundação Bradesco, Itaú Social, Globo e Sebrae.
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