[Crítica] Amores Materialistas

 



O filme Amores Materialistas lançado dia 31/07/2025 tem a duração de 1h: 57min, sendo uma comédia romântica para os mais maduros, com temas e falas que os desiludidos no amor ao longo dos anos podem facilmente relacionar. O romance aborda aspectos que vemos todos os dias de um jeito direto, quase frio, como se o que vemos todos os dias não fosse amor e sim negócios.


Em um casamento em que foi convidada por realizar o match entre essas pessoas, Lucy (Dakota Johnson) conhece Henry (Pedro Pascal), um "unicórnio", bonito, alto, rico, educado e com boa personalidade, alguém tão perfeito que parece mítico, por isso usado o termo unicórnio. Durante uma conversa entre Lucy e Henry, chega John (Chris Evans), ex namorado de Lucy, que apesar de bonito, é pobre, não tem um salário estável, mora num apartamento com mais outros 2 homens e vive de bicos. Ambos namoraram, mas por diferenças financeiras, o relacionamento encontrou seu término.

Dai em diante vemos o desenrolar da história e quem Lucy irá escolher estar no final.


Lucy, trabalha como casamenteira, alguém que junta 2 pessoas que por meio de um questionário se torna disponível para que outras pessoas possam conhecer-lhes e assim criar um relacionamento, um serviço para aqueles que como diz no filme, não querem morrer sozinhos, mas não acham uma boa companhia de forma orgânica, logo recorrem à agência de encontros para que assim encontrem seu(a) amado(a) que procuram.

Assim como na realidade todos procuram pessoas perfeitas e não estão dispostas a ignorar qualquer falha que o outro possa ter, muito se repete no filme a palavra em inglês "fit" para uma pessoa em forma, todos procuram no outro uma pessoa malhada, assim como outros aspectos que precisam entrar nos seus ideias como qual o salário anual, personalidade, altura.


Lucy tenta juntar pessoas que preencham a maioria dos requisitos da outra, mas às vezes isso falha, pois as pessoas mentem para que assim tenham mais valor agregado, e essa é fundamentalmente a base do filme, o valor agregado de uma pessoa, senti que essa comédia romântica não foi o que eu esperava assim que percebi o quão mercadológico esses encontros estavam sendo encarados, ninguém procura amor e sim negócios e por isso precisam de um parceiro de alto valor agregado, ou seja, alguém perfeito nos padrões ditados de hoje em dia por isso o primeiro check de todos os que contratam o serviço é pedir alguém malhado, alto e bonito.


O longa realmente me pegou de surpresa, pois entrei na sessão esperando mais uma comédia romântica como todas as outras, mas recebi muito mais do que isso, ele trouxe uma reflexão dos dias atuais em que não procuramos o amor em geral e sim produtos que possamos ter o orgulho de posar e exibir por aí, muitas pessoas se esquecem de que em uma relação é preciso ter amor e não apenas ter seus ideias cumpridos para ter um relacionamento duradouro. Também abordando um tema mais pesado e muito atual que ocorre todos os dias durante encontros e como todos infelizmente podem estar suscetíveis a isso.


Algo que me incomodou foi como Lucy não separava o seu pessoal de seu trabalho, o que me fez pensar em Sócrates e a maiêutica socrática, um exemplo é quando Henry faz uma série de perguntas sobre quem Lucy é, a fim de conhecê-la, e ela responde que é casamenteira, mas isso é o seu trabalho e não quem ela é, ela acaba interlaçando tanto sua personalidade com o seu trabalho que quando acontece uma crise no trabalho a vida dela inteira acaba por ruir. Com certeza isso faz parte do filme, mas nos faz questionar quantas pessoas são assim, se tirar o trabalho delas, quem elas são?


Em resumo, é um ótimo filme e eu adorei particularmente o final e acredito que foi coerente com todo o discurso de Lucy ao longo do tempo. A fotografia é maravilhosa, o jogo de olhares, detalhes e direção fazem a diferença para toda a experiência do filme, com certeza quem puder apreciar nos cinemas vai ter uma grata surpresa.




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