[News] O LIVRO ‘ARÁBIA: CAMINHOS DA ESCRITA DE UM FILME’ GANHA LANÇAMENTO SEGUIDO DA EXIBIÇÃO DO FILME NO DIA 28 DE MAIO NO RIO DE JANEIRO

 

A Editora Javali anuncia o lançamento do livro ARÁBIA: CAMINHOS DA ESCRITA DE UM FILME no Rio de Janeiro. A obra, que vai além da compilação do roteiro, explora o processo criativo por trás do premiado longa ARÁBIA (2017) dos diretores e roteiristas mineiros Affonso Uchôa e João Dumans.

Após lançamento em São Paulo e em Belo Horizonte, o livro será lançado dia 28 de maio no Rio de Janeiro às 20 horas na lojinha Estação Cavideo no Estação Net Rio, e às 21 horas haverá exibição do longa-metragem e bate-papo com os diretores e roteiristas Affonso Uchôa e João Dumans após a sessão.


ARÁBIA: CAMINHOS DA ESCRITA DO FILME evidencia as diferentes vidas que o filme viveu ao longo de seus seis anos de produção. É uma obra que oferece uma rara perspectiva sobre o processo de escrita para o cinema, destacando as múltiplas influências e experiências que moldaram o filme. Diferente das tradicionais publicações sobre roteiros cinematográficos, o livro se distingue ao apresentar desde as primeiras ideias dos roteiristas e diretores até as transformações ocorridas durante as filmagens. De acordo com os autores, “Mais do que a história do filme formatada segundo certas convenções, o que apresentamos aqui são os caminhos e descaminhos da escrita de Arábia, as diferentes fontes que nos ajudaram a imaginar o universo do filme, do qual o roteiro em si é só um dos elementos”.


O livro está organizado em três seções principais. A primeira oferece um olhar sobre o contexto e as motivações que impulsionaram os autores a trabalhar juntos, refletindo sobre as contradições políticas do Brasil contemporâneo, por meio da ligação entre as cidades de Ouro Preto e Contagem. A segunda seção reúne as pesquisas, entrevistas e notas de campo que fundamentaram a escrita do roteiro, incluindo o caderno de memórias de Aristides de Sousa, protagonista de Arábia e A Vizinhança do Tigre (2014). A terceira seção apresenta o roteiro propriamente dito, acompanhado de cenas que foram transformadas ou cortadas durante a produção, revelando a natureza fluida e em constante expansão do filme. Além dessas seções, o livro traz um posfácio escrito por Sérgio de Carvalho (USP), fotografias, e a ficha técnica, prêmios e principais festivais relacionados à Arábia.


Sobre a abordagem do livro, Uchôa e Dumans destacam que ele enfrenta o desafio de organizar o movimento contínuo da criação fílmica: “Este livro conta um pouco da história desse processo e enfrenta, portanto, o desafio de tentar organizar a correnteza, registrando no formato da publicação o movimento contínuo da criação do filme”. Para os autores, o roteiro é uma peça em processo, que se escreve antes, durante e depois da filmagem.


“Costumamos entendê-lo como uma carta de navegação, capaz de indicar certos personagens, locações e cenas essenciais, e de colocar em evidência um certo percurso, um certo arco dramático, mas sempre suscetível a ser reescrito e a ser transformado em outra coisa, desde que mais justa e mais autêntica. Assim, alguns dos principais diálogos de Arábia só foram escritos durante o set, na noite ou na manhã anterior à gravação das cenas. A diferença entre o escrito e o filmado compõe a matéria mesma do cinema que queremos ver e fazer, um cinema criado à margem das convenções industriais, que traga em seu processo e na sua forma final a energia das coisas vivas”, analisam os autores.


Segundo o posfácio Sérgio de Carvalho, “Do roteiro original, aqui publicado, até o filme extraordinário de Affonso Uchôa e João Dumans, vemos uma obra atenta ao que pode ser transformado e ao que não pode. Nasce daí sua atitude política. E sua disposição ao sacrifício de uma certa eficácia dramática convencional, em favor da compreensão prática de uma vida humana em sua dimensão trágica, a de Cristiano, cuja história atravessa o filme. Lançado um ano depois do golpe parlamentar de 2016, tornou-se um dos mais importantes filmes do cinema no Brasil porque pode ser lido, também, como uma alegoria do trabalhador morto brasileiro. Uma tragédia que diz respeito a todos nós”.


Refletindo esse impacto artístico e social, Arábia teve uma trajetória notável, recebendo prêmios importantes como Melhor Filme no 50º Festival de Brasília, no 8º Prêmio Cinema Tropical nos Estados Unidos, e no 27º Films from the South na Noruega. Além disso, conquistou o reconhecimento em outros festivais, como o Festival de La Casa Cine Fest no Equador e o Festival Internacional de Cine de Hidalgo no México. Arábia também foi exibido em alguns dos principais festivais internacionais de cinema, incluindo o Festival de Rotterdam, o Festival de San Sebastián, o BFI London Film Festival, e a Viennale, consolidando-se como uma obra marcante do cinema brasileiro contemporâneo.


O editor do livro, Assis Benevenuto, considera essencial fortalecer a memória do cinema nacional por meio da publicação de roteiros. Segundo ele, “O filme, por si só, já constitui uma memória, mas ao publicarmos o roteiro, ampliamos essa memória a partir de outra perspectiva, a literária. Trata-se de uma informação que, historicamente, tem sido pouco registrada publicamente em formato de livro.” Benevenuto também destaca a dimensão pedagógica da obra e sua importância na formação de leitores e na literatura cinematográfica: “Esse trabalho editorial visa ainda à formação de um novo tipo de leitor, que se familiariza com a literatura do roteiro. Não estamos acostumados a ler roteiros na escola, e sua formatação, a maneira como organiza a linguagem, é algo que não é trivial. É uma escrita conectada a diferentes elementos do cinema, como a câmera e a atuação. Assim, essa publicação contribui para uma nova forma de recepção de leitura.”


Na última década, a Editora Javali se consolidou como uma referência nacional na publicação de livros de teatro. Em 2021, lançou Roteiro e diário de produção de um filme chamado Temporada, de André Novais Oliveira, que já está em sua segunda impressão. A editora também publicou obras da chilena Sara Rojo (UFMG), focadas nas imagens cinematográficas de Pablo Neruda e Roberto Bolaño. Assis Benevenuto reflete sobre essas novas apostas da Javali, ressaltando que este é um campo amplo que não deve se restringir a uma única editora. Ele acredita que são necessárias publicações que abordem tanto o cinema contemporâneo quanto a recuperação de filmes do passado, reconhecendo que cada livro pode registrar processos distintos e apresentar materiais que vão além dos diálogos dos filmes.


Benevenuto observa ainda que “É interessante notar as diferenças entre o cinema e o teatro. No teatro, a experiência é ao vivo e cada apresentação é única, tornando a leitura de uma peça teatral uma construção diferente daquela experiência ao vivo. No cinema, o filme é um registro fixo; ele não muda, mesmo que a recepção do público varie conforme as condições de exibição. Por isso, ao publicar um roteiro, é essencial incluir materiais adicionais que revelem as camadas do processo de produção e criação do filme, enriquecendo a compreensão e apreciação da obra cinematográfica”, conclui.


SOBRE OS AUTORES


Affonso Uchôa

Affonso Uchôa é cineasta e fotógrafo, vive e trabalha em Contagem. É roteirista e diretor de Arábia. Também dirigiu os filmes Mulher à Tarde, A Vizinhança do Tigre e Sete anos em Maio. Seus filmes foram exibidos em diversos festivais pelo mundo, como os Festivais de Roterdã (Holanda), Viennale (Áustria), Festival de Toronto (Canadá), Visions du Réel (Suíça) e Mostra de Tiradentes (Brasil). Em fotografia, é coautor das séries fotográficas Izidoro e Sangue de Bairro, expostas em espaços culturais de São Paulo e Belo Horizonte, e publicada em revistas fotográficas brasileiras e internacionais, como a “Revista Zum” (Brasil) e “Quilo Journal” (Inglaterra).


João Dumans

João Dumans é natural de Ouro Preto, vive e trabalha em Belo Horizonte. É roteirista e diretor de Arábia. Dirigiu o longa As Linhas da Minha Mão, escolhido Melhor Filme na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, e os curtas Todo mundo tem sua cachaça e Guilherme Mansur – Obra em desdobra. Trabalhou como roteirista e montador em filmes como Aquele que viu o Abismo, A Vizinhança do Tigre, Sete anos em Maio, A Cidade onde Envelheço e Os Residentes.


SERVIÇO

Lançamento do livro Arábia: caminhos da escrita de um filme (Editora Javali), de Affonso Uchoa e João Dumans. 256p. Valor do livro: R$50,00


Haverá exibição do filme Arábia e bate-papo com os diretores e autores Affonso Uchôa e João Dumans


Dia: 28 de maio

Horário: 21h

Local: Estação Net Rio

Endereço: R. Voluntários da Pátria, 35 - Botafogo, Rio de Janeiro

Valor do ingresso: R$ 15


 

Sobre a Embaúba Filmes

A Embaúba é uma distribuidora especializada em cinema brasileiro, criada em 2018 e sediada em Belo Horizonte. Seu principal objetivo é contribuir para a maior circulação de filmes autorais nacionais. Ela busca se diferenciar pela qualidade de seu catálogo, investindo em obras de grande relevância cultural e política. A empresa atua também com a exibição de filmes pela internet, por meio da plataforma Embaúba Play, que exibe não apenas seus próprios lançamentos, como também obras de outras distribuidoras e contratadas diretamente com produtores, contando hoje com 600 títulos em seu acervo, dentre curtas, médias e longas-metragens do cinema brasileiro contemporâneo.






Nenhum comentário