[Música]MALUNGAGEM: A FORÇA DAS MACUMBAS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA ENCERRA A EDIÇÃO DE 2025 NO MUHCAB
Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Política Nacional Aldir Blanc, apresentam
MALUNGAGEM: A FORÇA DAS MACUMBAS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA ENCERRA A EDIÇÃO DE 2025 NO MUHCAB
No dia 7 de novembro, sexta-feira, o MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, na Gamboa, será tomado pelos tambores e cantos que encerram, em grande estilo, o ciclo do Malungagem – A influência das macumbas na música popular. O evento coroará uma jornada que, desde setembro, vem celebrando a herança afro-brasileira e transformando a música em um poderoso instrumento de memória, fé e resistência. No fim do dia, haverá o show de Alè, cantor e compositor carioca que faz da ancestralidade um gesto artístico e político.
Idealizado por Alè, o projeto propõe uma imersão nas tradições de terreiro e na força espiritual que moldou a identidade musical do Brasil. Desde o início, o Malungagem tem percorrido espaços simbólicos da cidade: começou em setembro no Ilê Omo Iya Ade Omin, em Higienópolis, um terreiro da tradição Jeje, e em outubro levou seu segundo encontro ao Centro de Cultura Única, na Saúde, em plena Pequena África. Agora, chega ao MUHCAB, templo da memória negra no Rio de Janeiro, para encerrar o ciclo com uma celebração que promete ser histórica.

Alè faz show no Malungagem e apresenta o EP IBGÀ (foto de Bruno Bastos)
“Malungagem não é só um evento. É um chamado para reconhecer que a música brasileira é, em sua essência, atravessada pelas macumbas”, afirma Alè, Yawô do Ilê Omo Iya Ade Omin e herdeiro das tradições Banto/Yorubá.
Produzido pela Ubuntu Cultura e Arte em parceria com a Neggra Sim, e contemplado pelo edital Fluxos Fluminenses da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, o projeto propõe um gesto de valorização e reparação simbólica: aproximar os terreiros da sociedade pela via da arte e do reconhecimento da sua força cultural. Cada encontro começa com o toque do Ngoma – o tambor que atravessa o tempo – seguido de uma roda de conversa entre líderes de terreiro, artistas e pesquisadores, culminando com a música ritualística e poética de Alè.
No encerramento, a mesa de conversa reunirá nomes fundamentais da cultura afro-brasileira contemporânea. Hosania Nascimento, fundadora e Mestra Popular do Quilombo Aquilah, pesquisadora das tradições afro-brasileiras e ex-dirigente do Centro Cultural José Bonifácio (hoje MUHCAB); Criss Massa, sambista, professora e ativista pela valorização da mulher preta e da cultura de terreiro, criadora da roda “O Samba é da Massa”; e Itana Gomes, museóloga, dançarina e pesquisadora das culturas populares, integrante do Grupo Zanzar e cofundadora do Brincantes da Pedra Branca.
O evento contará ainda com duas participações artísticas que prometem expandir o campo sensorial e espiritual da experiência:
Maria Liberta, dançarina, coreógrafa e criadora do projeto IntuiDanse, une arte, rito e emoção em uma linguagem corporal guiada pela ancestralidade. Sua dança é um manifesto de libertação e reconexão com o sagrado, expressando, no corpo, as forças e arquétipos dos Orixás.
Tairini Cristine, conhecida como Poeta Tairini, MC, DJ e slammer paulista radicada em Ubatuba, finalista do campeonato estadual Slam SP 2022, traz sua poesia falada como instrumento de afirmação preta, feminina e periférica. Artista múltipla, ela leva à cena a potência da palavra como tambor contemporâneo.
O encerramento de 7 de novembro trará uma programação intensa, com mesa de conversa e o aguardado show de Alè e banda, centrado no repertório do EP de estreia, IGBÀ – palavra yorubá que significa cabaça, símbolo da vida. As canções Veste teu branco, Reis Malunguinho, Ayabá, Losi Losi e Agayú ressoam como oferendas em forma de som, evocando os Orixás e as forças que moldam o povo brasileiro.
O repertório inclui a poderosa “Pretas e Pretos Novos”, homenagem ao Cais do Valongo, além de “O Canto das Folhas (A Sassanha)”, parceria com Luiz Antonio Simas, e releituras vibrantes de clássicos de Jorge Benjor (Santa Clara Clareou) e Mestre Môa do Katendê (Exú Onã e Exú Elegbara).
Ouça IGBÀ Aquihttps://open.spotify.com/intl-pt/album/2kAVYPtxXWcR3zysVkVYDE?si=N2Hr4tliSA29lBq7B7UqHA&nd=1&dlsi=0430e6b5f9414d8c
“Cada tambor que ressoa é um ato político. A música é o orixá que não se cala”, diz Alè. Em um contexto de crescente intolerância religiosa, o Malungagem se afirma como uma resposta coletiva e amorosa, unindo arte, espiritualidade e resistência.
O projeto também tem impacto social direto: apoia economicamente casas de axé, que comercializam comidas típicas durante os eventos, e realiza o projeto “Cantando e Contando Histórias com Alè”, levando às crianças da Ocupação Benjamim Filho, no Centro do Rio, músicas inspiradas nos Orixás e nas Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira e indígena nas escolas.
A palavra “malungo”, de origem banto, significa “companheiro de viagem”. E é nesse espírito de irmandade e celebração que o Malungagem chega ao seu encerramento no MUHCAB, reafirmando a potência das culturas de terreiro e a centralidade da musicalidade negra na história do Brasil. Uma noite em que o tambor é guia, a música é oferenda e a ancestralidade, pura força viva.
Mais de Malungagem: https://linktr.ee/
Serviço
MALUNGAGEM – A influência das macumbas na música popular
07 de novembro (sexta-feira)
MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira
Endereço: Rua Pedro Ernesto, 80, Gamboa – Rio de Janeiro
14h - abertura - Com DJ Tairini
15h/16h - Intervenção artística com a bailarina Maria Liberta
16:30h / 18h - Mesa de conversa
19h / 21h - Apresentação -Alè e Banda
️ Entrada gratuita | Classificação livre
Sympla : https://www.sympla.com.br/ev
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