[News] Inscrições para o Prêmio Pallas de Literatura vai até 30 de junho

 

(Cristina e Mariana Warth em foto de Monica Ramalho)


É tempo de celebrar. Porque não é toda hora que uma editora chega aos 50 anos tão em dia com o seu propósito. Este já está sendo um ano mágico para as editoras Cristina Fernandes Warth e Mariana Warth, mãe e filha, sócias da Pallas Editora. Especializada na temática afro-brasileira desde os primórdios, faz tempo que a Pallas se consolidou no mercado de livros com um catálogo ligado à cultura e às religiões de matriz africana.


Vai ter festa para escritores e leitores no sábado, 31 de maio, das 16h às 22h, na Casa Porto, localizada no Largo São Francisco da Prainha. O espaço da celebração fica na Pequena África, a poucos metros do Cais do Valongo, porta de entrada dos africanos escravizados nas Américas, e do ladinho da Casa de Escrevivência, um centro cultural que abriga a biblioteca e o acervo de Conceição Evaristo. Dos principais nomes da Pallas, Conceição escolheu republicar e publicar alguns de seus clássicos pela editora carioca.

“Becos da Memória” (de 2006, na Pallas desde 2016) e “Ponciá Vicêncio” (de 2003, que ganhou nova edição pela Pallas em 2017) são alguns dos campeões de vendas da autora, que confiou os originais de “Olhos d’água” (2014) e de “Canção para ninar menino grande” (2022) ao crivo experiente de Cristina. Para o segundo semestre deste ano comemorativo, está previsto mais um livro inédito da autora, premiada com o Troféu Juca Pato de 2023 pelo conjunto de sua obra intelectual, e eleita membro da Academia Mineira de Letras, em 2024. 


(Conceição Evaristo em foto de Monica Ramalho)

Vencedora do Prêmio Pallas abre evento, com falas de Conceição e Ynaê

Conceição vai conversar com o público às 18h, ao lado da historiadora e escritora Ynaê Lopes dos Santos, autora da obra de referência “História da África e do Brasil Afrodescendente” (Pallas, 2017). A festa está prevista para começar às 16h, com o lançamento de “Água de maré", romance vencedor do Prêmio Pallas de Literatura 2024, escrito por tatiana nascimento, brasiliense radicada em São Paulo (ela grafa o seu nome com minúsculas). “Água de maré” será o 18º livro publicado de tatiana, também cantora, compositora, tradutora e editora. A segunda edição do Prêmio Pallas está com inscrições abertas até 30 de junho, através do site www.premiopallas.com.br.


Luciany Aparecida, uma das juradas do prêmio, escreveu na quarta capa que a obra “é desejo de vida em abundância e denúncia de sede. tatiana nascimento apresenta um refinado trabalho de linguagem que dialoga com a epistemologia dos orixás, enquanto tramita ondulações a temas como reflexões existencialistas, amor LGBTQIA+ e racismo. Neste livro, um texto narrativo que apresenta traços estilísticos da poesia e do teatro, tempo e ritmo estão costurados nas ações das personagens”.


(Nei Lopes em foto de Monica Ramalho)


Casa Porto prepara cardápio com nomes de escritores em junho

Os 50 anos da Pallas também serão celebrados no cardápio da Casa Porto, em junho, a partir do dia 3, quando a editora vai inaugurar uma livraria pop up no sobrado de Raphael Vidal, que foi coordenador editorial da Pallas e faz parte dessa história.

A cada dia da semana, um prato especial sairá da cozinha, homenageando um autor da editora. Entre eles, nas terças, a Lasanha à moda Nei Lopes, "com tudo dentro", como ele mesmo descreve, recheada de costela, e o Camarão da Sonia Rosa nas quartas, homenageando a autora de clássicos infantojuvenis da Pallas com um arroz caldoso de camarões, quiabos e abobrinhas.


Além de Nei, Conceição e Sonia, nomes de peso não faltam entre os autores da casa editorial, como os brasileiros Helena Theodoro, Reginaldo Prandi, Cidinha da Silva, Raul Lody, Eliana Alves Cruz, Joel Rufino dos Santos, Ynaê Lopes dos Santos, Amílcar Pereira, Vera de Oxalá e Rogério Athayde e os internacionais Léonora Miano, Ondjaki, Teresa Cárdenas, entre muitos outros.


(Teresa Cárdenas em foto de Monica Ramalho)

O que fez a diferença nessa caminhada? “As escolhas que fizemos ao longo do tempo e o meu entendimento de que estávamos lidando com a maior parcela de trabalhadores da população brasileira, pessoas que formaram esse país com a sua cultura, o seu pensamento, a sua forma de ser e existir, e que foram vilipendiados desde que aqui chegaram, escravizados", avalia Cristina Fernandes Warth, com a sabedoria acumulada em 65 anos de uma vida dedicada aos livros.

Era apenas uma jovem de 15 anos quando viu o pai, Antonio Fernandes, empreender. “Só fui entender exatamente o que isso significava um pouco depois, mas não tanto tempo depois. A decisão de cursar História e me dedicar à militância política me aproximaram cedo da editora", recorda. Virou funcionária da Pallas há cerca de 35 anos e, em 2003, com a morte do pai, assumiu a gestão da empresa familiar, até hoje sediada em uma casa em Higienópolis, subúrbio do Rio.


Difusora da cultura afro-brasileira há meio século
A Pallas se orgulha de defender e difundir a arte de tantas pérolas literárias, nacionais e internacionais. “O início do meu trabalho editorial foi marcado pelo entendimento das questões religiosas como forma de manifestação e recuperação daquilo que foi usurpado desse povo. Estes já eram os nossos temas muito antes do surgimento da Lei 10.639, que torna obrigatória a discussão de cultura e história afro-brasileira nas escolas", pontua ela.


Apesar do susto de ver o seu negócio “cinquentar” em 2025, Cristina está enxergando a data comemorativa como “um marco feliz. Assim como também, no dia a dia, a Pallas é um ambiente feliz de se frequentar. Foi um luxo ter trabalhado tanto tempo com o meu pai, de quem sinto muita saudade, e é um luxo trabalhar hoje com a Mari, minha filha", acarinha as lembranças, mantendo o coração no presente. Aos 46 anos, Mariana Warth trabalha na editora há 25 anos e criou, em 2013, o selo Pallas Míni, voltado aos livros para a infância e juventude.


“Pedi pra experimentar o trabalho na editora e, a princípio, acho que a ideia de trabalhar em família foi algo que causou algum medo na minha mãe. A gente sempre se deu bem, mas trabalhar junto é outra dinâmica. Felizmente, tudo fluiu muito melhor do que o imaginado e esse medo desapareceu. E o trabalho editorial é meio cachaça…”. Se depender da Mariana, o destino da Pallas continuará a ser publicar livros com excelência, regidos pelo axé dos orixás.


Programação de 31 de maio, na Casa Porto

16h - tatiana nascimento autografa lança o romance “Água de Maré”, vencedor do Prêmio Pallas de Literatura

18h - Conceição Evaristo e Ynaê Lopes dos Santos trocam ideias sobre o ofício literário, com mediação de Cristina Fernandes Warth

Haverá venda de livros da Pallas Editora e o público poderá pegar o autógrafo dos autores que estiverem na festividade





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