[News] RIO DE JANEIRO RECEBE NO DIA 03 DE JULHO PRÉ-ESTREIA DO FILME ‘YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ’ E ABERTURA DE EXPOSIÇÃO

 

No dia 03 de julho, o Rio de Janeiro celebrará a cultura Maxakali com a inauguração da exposição Hãmxop tut xop - as mães das nossas coisas: artesanato em fibra de embaúba e a pré-estreia do filme YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ dos diretores Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna.


O evento começa às 17h, no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP/Iphan) na Sala do Artista Popular (SAP) e contará com a presença da Ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara.


Em seguida, às 18h30, haverá a pré-estreia do filme YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ na área externa do CNFCP, seguida de debate com os diretores Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero, a Ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara e o pesquisador Eduardo Viveiros de Castro.


SOBRE A EXPOSIÇÃO PANORAMA DA ETNIA MAXAKALI:



A exposição realiza um panorama documental sobre a etnia indígena Maxakali, do Vale do Mucuri, a única a manter-se falando a própria língua em todo o estado de Minas Gerais. O público poderá conhecer como os Maxakali mantêm viva a ritualística com a embaúba, árvore natural da Mata Atlântica, hoje quase extinta nos territórios em que eles habitam no nordeste mineiro.


Hãmxop tut xop - as mães das nossas coisas: artesanato em fibra de embaúba enfatiza o protagonismo da embaúba na cultura e nas tradições. A fibra retirada da embaúba é a base para a tecelagem de bolsas, colares e braceletes, únicos e repletos de significados. A embaúba é considerada instrumento de cura.


Responsável pela pesquisa e texto da exposição, o antropólogo Roberto Romero é codiretor do filme. Há 15 anos convive com os Tikmũ’ũn, autodenominação do povo também conhecido como Maxakali. O povo é tema tanto de seu mestrado, como de seu doutorado. “Esta é a primeira vez que ocorre uma exposição da arte das mulheres Tikmũ’ũn, na SAP. É uma oportunidade importante para dar a conhecer a admirável tecelagem da fibra natural da embaúba, um patrimônio cultural deste povo”, diz.


Doutor em Antropologia pelo Museu Nacional (UFRJ), desde 2023 Romero integra a equipe de coordenadores do projeto Hãmhi | Terra Viva, que forma agentes agroflorestais e viveristas indígenas Tikmũ’ũn. É a partir daí que também passa a atuar nos quatro territórios demarcados no Vale do Mucuri.


Atualmente, uma série de iniciativas impulsionam o resgate da presença Maxakali no Brasil. De acordo com o Censo de 2022, no país existem mais de 300 etnias indígenas. Desse total, 19 etnias habitam o estado de Minas Gerais. A população Maxakali é estimada em 2.629 habitantes.


O povo Tikmũ’ũn está distribuído entre as aldeias Água Boa, Pradinho, Aldeia Verde, Cachoeirinha e Aldeia-Escola-Floresta, nos municípios de Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni - uma das regiões que mais aqueceu no Brasil nos últimos anos, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).


No texto do catálogo, acessível no site do CNFCP (www.cnfcp.gov.br), Romero oferece um breve inventário dos Maxakali. “Árvore muito comum na Mata Atlântica de cuja casca as mulheres Tikmũ’ũn extraem fibras usadas para fiar as linhas com as quais tecem bolsas, redes, colares, pulseiras, cordões, tipoias e máscaras para os espíritos yãmĩyxop, desde tempos imemoriais. Entre as/os Tikmu’ũn, a busca pela embaúba é uma tarefa compartilhada por um ou mais casais, mas também por mulheres viúvas ou solteiras, geralmente acompanhadas por seus genros ou primos. Aos homens, cabe abrir caminhos na mata e cortar as árvores, muitas vezes de difícil alcance. Às mulheres, cabe descascá-las com a faca e as mãos, enrolá-las delicadamente e transportá-las até suas casas, onde raspam as cascas, extraindo a fibra que usam para fiar manualmente as linhas em suas coxas”, contextualiza.


Para Rafael Barros, diretor do CNFCP/IPHAN, a exposição do artesanato Maxakali soma às iniciativas para o fortalecimento da etnia. “Trata-se da última etnia a falar a própria língua no estado de Minas Gerais! Há um conjunto de ações multidisciplinares para fortalecer os Maxakali, como o programa Terra Viva, que visa garantir as condições do povo com seu bioma tradicional, por exemplo”, destaca o diretor.


A etnomusicóloga Rosângela de Tugny coordena a iniciativa que vem mudando a paisagem nos territórios Tikmũ’ũn, “O projeto Hãmhi | Terra Viva contribui para o enfrentamento das mudanças climáticas e tem como perspectiva o reconhecimento da força linguística e cultural do povo Tikmũ’ũn, apresentando um modelo de formação profissionalizante em nível médio que, a um só tempo, valoriza sua riqueza linguística e fortalece a autonomia alimentar”, afirma Rosângela de Tugny, coordenadora-geral do projeto. Ela  pesquisa o universo Maxakali há 20 anos. “O povo possui 12 sistemas musicais, em termos de comparação, como se fossem 12 latins”, compara. De mitologia fina e complexa, a resistência secular de um repertório simbólico como o Maxakali está contida nos cantos. “Passei oito anos registrando os cantos. Levei um estúdio da Universidade Federal de Minas Gerais para gravar direto com os pajés, transcrevendo e traduzindo o repertório. Eles não têm perdas lingüísticas. Impressiona a capacidade da transmissão de conhecimento entre eles”, destaca. Autora de livros e à frente de iniciativas pró-Maxakali, Rosângela atualmente integra a Universidade Federal do Sul da Bahia, em Porto Seguro.


 

Exposição Hãmxop tut xop - as mães das nossas coisas: artesanato em fibra de embaúba


Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP/Iphan) – Rua do Catete, 179. Catete – RJ


Às 17h, abertura da exposição na Sala do Artista Popular


Às 18h30, no jardim do Palácio do Catete, pré-estreia do documentário YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ


Às 20h, debate com a Ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara, os diretores Roberto Romero, antropólogo e autor da pesquisa e texto da exposição, Sueli Maxakali e Isael Maxakali, com o professor Eduardo Viveiros de Castro e com os pajés Manuel Damásio Maxakali e Arnalda Maxakali


Entrada franca


Inauguração: 03 de julho, às 17h| Encerramento: 28 de setembro


Dias e horários de visitação: Terça a sexta-feira, das 10h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h. De 03 de julho até 28 de setembro.


Realização:

Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Instituto de Patrimônio e Histórico e Artístico Nacional (CNFCP/Iphan)

Associação Cultural de Amigos do Museu do Folclore Edison Carneiro (Acamufec) | 


Apoio:

Museu da República


Parceria:

Embaúba Filmes


 

Sobre o filme:

YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ acompanha a jornada de reencontro entre Sueli Maxakali e seu pai, Luiz Kaiowá, de quem foi separada ainda bebê durante a ditadura militar. O longa lança luz sobre a violência do Estado contra os povos indígenas naquele período, capítulo da ditadura pouco retratado no cinema até então. “São memórias que o cinema nos dá uma chance de revisitar e que podem assim ser jogadas na cara do povo brasileiro de uma certa forma”, afirma o etnólogo e cineasta Roberto Romero em entrevista à Agência Brasil.


No início dos anos 1960, Luiz Kaiowá, indígena guarani kaiowá, deixou o território tradicional de Ka'aguyrusu, em Mato Grosso do Sul, em uma longa caminhada com outros parentes. Após passarem por São Paulo e Rio de Janeiro, foram levados à força até Minas Gerais por agentes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Luiz viveu mais de 15 anos entre os Tikmũ’ũn (Maxakali), onde teve duas filhas: Maiza e Sueli. Quando Sueli tinha apenas dois meses de idade, Luiz foi reconduzido ao Mato Grosso do Sul e nunca mais voltou. Décadas depois, graças a encontros políticos e à chegada da internet nas aldeias, Sueli localizou o pai com ajuda de duas primas, e logo depois iniciou, com apoio de aliados, a construção do filme como forma de concretizar esse reencontro.


Sinopse: 

YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ conta a busca de Sueli Maxakali e Maísa Maxakali pelo pai, Luis Kaiowá, de quem foram separadas durante a ditadura militar no Brasil. O filme acompanha a jornada da cineasta para reencontrar o pai, bem como as lutas enfrentadas pelos povos indígenas Tikmũ’ũn e Kaiowá em defesa de seus territórios e modos de vida.


Ficha Técnica

YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ

(2024 | Brasil | 94 min | Documentário)

Direção: Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero, Luisa Lanna

Direção assistente: Daniela Kaiowá, Michele Kaiowá

Roteiro: Sueli Maxakali, Roberto Romero, Tatiane Klein e Luisa Lanna.

Produção: Escola Aldeia Floresta, Batráquia Filmes, Filmes de Quintal, Javali do Mar

Direção de fotografia: Bené Machado, Sueli Maxakali, Michele Kaiowá, Daniela Kaiowá e Alexandre Maxakali

Som direto: Bruno Vasconcelos, Maru e Vitor Zan

Montagem: Luisa Lanna

Tradução: Alexandre Maxakali, Roberto Romero, Tatiane Klein, Michele Kaiowá e Daniela Kaiowá

Distribuição: Embaúba Filmes

Estreia nos cinemas: 10 de julho de 2025

País: Brasil

Idioma: Maxakali, Kaiowá, Português (com legendas)

Classificação: não recomendada para menores de 12 anos


Elenco: LUIZ KAIOWÁ, JAIRO BARBOSA, MICHELE KAIOWÁ, QUENIO VERGA CONCIANZA, GERMANO LIMA ALZIRO, JURACI MAXAKALI, DELCIDA MAXAKALI, CASSIEL MAXAKALI, CLARA BARBOSA DE ALMEIDA, EMILIANA BARBOSA, OLÍMPIO ALMEIDA, CLAUDILENE JORGE ALMEIDA, HILDA BARBOSA DE ALMEIDA, RICARDO JORGE, NEUSA CONCIANZA JORGE (IN MEMORIAM), EZEQUIEL JOÃO, ADELAIDE JORGE (IN MEMORIAM), DETINHA MAXAKALI, RUAN MAXAKALI, NICOLE MAXAKALI, ISAIANA MAXAKALI, ARLANE JORGE JOÃO, GISLAINE PEDRO FERREIRA, DANIELA KAIOWÁ, SUELI MAXAKALI, ISAEL MAXAKALI, MAÍSA MAXAKALI.


 

SOBRE OS DIRETORES


SUELI MAXAKALI

Sueli Maxakali é doutora em Letras: estudos literários (Notório saber) pela UFMG, cineasta, professora e multiartista. Dirigiu o curta Yãy tu nũnãhã payexop: encontro de pajés e co-dirigiu os longas Quando os yãmĩy vêm dançar conosco (2011), Yãmĩyhex: as mulheres-espírito (2019) e Nũhũ yãgmũ yõg hãm: essa terra é nossa! (2020). Publicou o livro de fotografias Koxuk Xop Imagem (Beco do Azougue Editorial, 2009). Foi artista convidada da 43ª Bienal de Arte de São Paulo e do 7º CURA – Circuito de Arte Urbana de Belo Horizonte. Em 2020, liderou um movimento de mais de cem famílias do povo Tikmũ’ũn-Maxakali na luta por uma nova terra. Em 2021, estas famílias retomaram um território ancestral na região de Itamunheque (Teófilo Otoni, MG), onde criaram a Aldeia-Escola-Floresta, projeto de arte, educação e agroecologia.


ISAEL MAXAKALI

Isael Maxakali é doutor em Comunicação (Notório saber) pela UFMG, cineasta, professor e artista visual. Dirigiu os filmes “Tatakox” (2007); “Xokxop pet” (2009); “Yiax Kaax – Fim do Resguardo” (2010); “Xupapoynãg” (2011); “Kotkuphi” (2011); “Yãmĩy” (2011); “Mĩmãnãm” (2011); “Quando os yãmĩy vêm dançar conosco” (2011); “Kakxop pit hãmkoxuk xop te yũmũgãhã” (“Iniciação dos filhos dos espíritos da terra”, 2015), “Konãgxeka: o Dilúvio Maxakali” (2016) e “Yãmĩyhex: as mulheres-espírito” (2019) e Nũhũ yãgmũ yõg hãm: essa terra é nossa! (2020). Foi duas vezes professor do Programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais da UFMG. Em 2020, venceu o Prêmio PIPA on-line, uma das principais premiações de arte contemporânea no Brasil.


ROBERTO ROMERO

Roberto Romero é doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional (UFRJ), membro da Associação Filmes de Quintal e um dos organizadores do forumdoc.bh – festival do filme documentário e etnográfico de Belo Horizonte. Foi assistente de direção do longa “Yãmĩyhex: as mulheres-espírito” (Sueli e Isael Maxakali, 2019) e co-diretor de Nũhũ yãgmũ yõg hãm: essa terra é nossa! (2020) e “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” (2024).


LUISA LANNA

Luisa Lanna é graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestranda no Programa de Pós Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (UFRJ). Atua como montadora, educadora e diretora audiovisual. Se dedica ao ensino e à prática de cinema junto a comunidades indígenas. Faz parte do Coletivo Guahu’i Guyra (Encanto dos Pássaros) da retomada Tekoha Guayvyry (Guarani e Kaiowá), no qual atua como professora e colaboradora artística. Foi montadora do filme “Yamiyhex: mulheres espírito” (Dir. Sueli Maxakali e Isael Maxakali). Co-dirige o longa metragem “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” (2024).


SOBRE A EMBAÚBA FILMES

A Embaúba Filmes é uma distribuidora especializada em cinema brasileiro, criada em 2018 e sediada em Belo Horizonte. Seu objetivo é contribuir para a maior circulação de filmes autorais brasileiros. Ela busca se diferenciar pela qualidade de seu catálogo, que já conta com mais de 50 títulos, investindo em obras de grande relevância cultural e política. A empresa atua também com a exibição de filmes pela internet, por meio da plataforma Embaúba Play, que exibe não apenas seus próprios lançamentos, como também obras de outras distribuidoras e contratadas diretamente com produtores, contando hoje com mais de 500 títulos em seu acervo, dentre curtas, médias e longas- metragens do cinema brasileiro contemporâneo.





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