[News] Dirigido por Cao Hamburger, longa 'Escola Sem Muros' começa a ser filmado em São Paulo

 

Como a educação pode se tornar o agente transformador de uma comunidade, capaz de mudar a vida de seus habitantes? É isso que será retratado no filme “Escola Sem Muros", que iniciou as filmagens em 30 de junho, em São Paulo, e terá duração de seis semanas. A produção é uma adaptação livre da história da Escola Campos Salles, localizada em Heliópolis, na capital paulista, que se tornou referência por suas inovações pedagógicas e uma forte integração com o bairro. Com direção de Cao Hamburger, que também assina o roteiro com Thayna Mantesso, Tom Hamburger e Marcelo Gomes, a produção é da Gullane, coproduzido pela Ukbar Filmes (Portugal), Globo Filmes, Telecine e Caos Produções, e em associação com o grupo Playtime.


A trama se passa em 1995, quando um novo diretor chamado Braz Nogueira, interpretado por Júlio Andrade, chega à Campos Salles. A escola, conhecida como “lixão” ou “fábrica de bandido”, para onde os piores alunos da região eram transferidos, se mantinha à distância da comunidade que ela atendia. Entretanto, Braz, ao lado dos líderes comunitários Orlando (Flavio Bauraqui) e Rose (Larissa Bocchino), enfrenta os desafios impostos pela violência do bairro e o estigma que seus alunos enfrentam todo dia, determinado a devolver a escola a quem ela realmente pertence: os habitantes de Heliópolis.


“É um grande privilégio esse momento de reencontro do Cao Hamburger e da Gullane depois do sensacional ‘O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias’ que fizemos juntos. Nos reencontramos para contar uma história super importante e relevante para o Brasil de hoje, uma história sobre educação que vai emocionar e que vai tocar o coração das pessoas. Dos alunos, dos pais, dos professores e diretores. Então, é um grande prazer para nós estarmos ao lado do Cao, com o Julinho Andrade fazendo o nosso personagem principal em ‘Escola sem Muros’, além da equipe e elenco maravilhoso que conseguimos reunir para este projeto”, ressalta Fabiano Gullane, sócio-diretor da Gullane Filmes.


O longa conta com investimento do Fundo Setorial do Audiovisual, apoio do Governo Federal, do Ministério da Cultura, da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo e da Spcine através da Lei Paulo Gustavo, além do apoio institucional da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Chegará aos cinemas pela Califórnia Filmes.


 


Entrevista com Cao Hamburger


 


- O que o motivou a contar esta história e a trazer este tema? Que mensagem quer passar com esta história?


Venho trabalhando e pesquisando sobre o Ensino Público no Brasil e como trabalhar o tema no audiovisual de forma atraente para o grande público há alguns anos, desde da série “Pedro e Bianca” e, depois, em “Malhação Viva Diferença” (ambas ganhadoras do Emmy Internacional, em 2014 e 2019, respectivamente)


Antes disso, ouvi muito sobre o tema com meu pai, que foi um grande divulgador de ciência e pensador da educação, e depois com minha filha, que é educadora no ensino público.


A história do Ensino Público no Brasil acompanha a história da desigualdade e da negligência da elite brasileira desde os tempos da colônia e do Império. O Brasil foi o último país a instituir o ensino público nas Américas, e quando o fez, privilegiou os filhos da elite. Somente em meados do século 20, começou a se pensar em uma escola pública para toda a população, mas projetos importantes foram encerrados com o Golpe Militar de 1964. Eu vivi esse rompimento quando estava em uma Escola Pública e lembro da precarização que a escola sofreu.


Somente com a redemocratização, em meados dos anos 1980, o trabalho de construir uma rede de ensino público de qualidade foi retomado. Aprendi com quem trabalha e estuda o assunto, que a infraestrutura gigantesca para atender esse país continental foi instalada nas últimas décadas. E que o sonho de uma rede pública de ensino de qualidade não está longe, apesar de todas as dificuldades e estigmas que a Escola Pública carrega no Brasil.


Essa história da Escola Campos Salles é um exemplo disso. Assim como outras escolas, é a prova que o Ensino Público de Qualidade é possível no Brasil. E é o único caminho para nos tornarmos um país justo e desenvolvido. Todos os países ricos têm uma Rede de Ensino público de qualidade para toda a população. A gente vê nos filmes e séries americanas, "High School Musical", entre tantos exemplos, aquelas escolas lindas e não pensa que são escolas públicas.


 


- Por que escolher este elenco? Desde o início tinha pensado no Júlio e no Flávio? Algo especial que possa dividir?


Sim, desde do início pensei em Júlio Andrade e Flávio Bauraqui pela qualidade do trabalho e pela adequação aos personagens. Larissa Bocchino nos enviou um vídeo contando sua história com a educação que me conquistou na hora. 


O elenco adulto é sensacional: Angela Maris, Quitéria Kelly, Ciro Morais, Angela Ribeiro, Kinda Marques, entre outros. E o elenco de adolescentes passou por oficinas e preparação com a atriz Larissa Mauro e estão arrasando.


 


- Como estão trabalhando a produção de arte para o filme? Algo especial que possa adiantar para recriar o ano de 1995?


Um mundo sem telefone celular. Dá até saudades, nesse aspecto.


 


- Você mencionou no nosso papo que esta história nunca foi contada, não existe uma biografia do Braz ou algo dedicado a esta história. Como foi esse trabalho de pesquisa? Conversaram com o próprio Braz? Ele participou ou participa de alguma forma da produção?


Em 2018, começamos a pesquisa. Conversamos com muitos personagens da história. Ex-alunos, ex-professores, ex-funcionários, coordenadoras pedagógicas, líderes da comunidade de Heliópolis, além do próprio diretor, Braz Nogueira.


Juntando esses diferentes pontos de vista, criamos a nossa "versão" da história, e a resumimos ao tempo e a estrutura dramática de um filme, o que é muito difícil. Muitas histórias tiveram que ficar de fora. Outras tivemos que adaptar para fazer sentido. Enfim, o filme é uma livre recriação da história real.   


 


- Considerando que o filme é inspirado livremente em uma história real e envolve temáticas complexas, como violência e marginalização, qual a linha traçada para trazer a fidelidade dos fatos, mas sem reforçar estereótipos?


Muito cuidado em todos os aspectos da produção, incluindo a composição da equipe de roteiro e produção. Contamos, por exemplo, com Thay Mantesso, excelente roteirista (dos filmes “Sete Prisioneiros” e “Sócrates”).


 


- Como foi feita a seleção do elenco? Há moradores de Heliópolis envolvidos?


Sim, há alguns moradores de Heliópolis no elenco, além de alguns alunos e ex-alunos da própria Campos Salles. 


Para  a escolha do elenco adolescente, fizemos vídeos com mais de 1000 candidatos em Heliópolis e outras regiões de São Paulo. Contamos também com a colaboração de grupo de teatro de Heliópolis e outras regiões. Depois passaram por oficinas e preparação com a atriz Larissa Mauro e estão arrasando. Kitty Feo, primeira assistente de direção, e Alonso Zerbinato, produtor de Elenco, coordenaram essa fase. 


 


- Há alguma outra informação que gostaria de dividir? Bastidores, curiosidades?


O engajamento do elenco e da equipe com a história está sendo emocionante. 


 


Ficha Técnica:


Roteiro - Thayna Mantesso, Tom Hamburger, Cao Hamburger, Marcelo Gomes


Direção - Cao Hamburger


Assistente de direção – Kitty Feo


Direção de fotografia – Pierre de Kerchove


Direção de arte – Valdy Lopes


Figurino – Cassio Brasil


Som direto – Lia Camargo


Produção executiva – Rui Pires, Pablo Torrecillas, Ana Saito, Gabriela Tocchio, Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola


Produção – Caio Gullane, Fabiano Gullane, Cao Hamburger, Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola


Elenco - Julio Andrade, Larissa Bocchino, Flávio Bauraqui






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